Vice-premiê italiano Salvini é absolvido de acusação de sequestro de imigrantes

Por Wladimir Pantaleone e Angelo Amante

PALERMO, ITÁLIA (Reuters) - Um tribunal absolveu nesta sexta-feira o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, de acusações de sequestrar mais de 100 imigrantes em um navio que ele bloqueou no mar por quase três semanas em 2019, como parte de uma política para frear as chegadas irregulares no país.    Após um julgamento de três anos, juízes rejeitaram um pedido do promotor para que ele recebesse uma sentença de seis anos de prisão. Salvini, que é líder do partido de extrema direita A Liga, também ocupa o cargo de ministro dos Transportes no governo da premiê Giorgia Meloni.    “Estou feliz. Após três anos, o bom senso ganhou, a Liga ganhou, a Itália ganhou”, disse Salvini, alertando que proteger as fronteiras nacionais “não é um crime, mas um direito”.    O veredito surge em um momento de tensão entre o governo e a Justiça na área da imigração. Um tribunal questionou a legalidade de um plano de enviar para a Albânia pessoas que pediram asilo, em casos que agora estão na Corte Europeia de Justiça.    Salvini tentou impedir que a organização de caridade espanhola Open Arms levasse 147 imigrantes em busca de asilo para a Itália no verão de 2019, quando era ministro do Interior, como parte de sua política de fechar os portos italianos para barcos com imigrantes.    O veredito que o absolveu foi recebido com aplausos por políticos da Liga, que se juntaram no tribunal em apoio ao líder. Meloni afirmou que as acusações eram “infundadas e surreais”.    “Deixem-nos permanecer juntos, com tenacidade e determinação, para combater a imigração ilegal, o tráfico humano e defender a soberania nacional”, disse Meloni na plataforma de rede social X.    Antes de os juízes desenharem seu veredito, a promotora Marzia Sabella disse à corte que Salvini excedeu seus poderes ao recusar a atracação da embarcação, e que não havia motivos de segurança nacional para justificar o impedimento do desembarque.    A advogada de defesa, Giulia Bongiorno, que também é senadora da Liga, afirmou que os barcos não tinham direito automático a atracar na Itália, e que os imigrantes podiam ter sido levados a outros lugares, caso a instituição de caridade estivesse realmente interessada em seu bem-estar.    O navio da Open Arms buscou imigrantes africanos na costa da Líbia por duas semanas e depois pediu autorização para atracar em um porto italiano. A embarcação se negou a ir à Espanha, dizendo que as pessoas a bordo estavam exaustas e precisavam de cuidados imediatos.    Magistrados apreenderam o barco e ordenaram o desembarque dos imigrantes, em um caso que atraiu a atenção internacional.    Salvini recebeu nesta semana o apoio de seus aliados da extrema direita europeia, incluindo o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o bilionário Elon Musk, conselheiro do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.    Mais de 1 milhão de imigrantes chegaram à costa da Itália de barco, vindos do norte da África, nos últimos 12 anos. A imigração aumentou o apoio a partidos de extrema direita, que colocaram em sua agenda política o freio à chegada em massa de africanos e pessoas do Oriente Médio.

(Texto de Angelo Amante e Crispian Balmer)

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