Topo

Esse conteúdo é antigo

"Precisaremos saber conviver com o vírus": premiê apresenta etapas do fim do confinamento na França

Edouard Philippe é o novo primeiro-ministro da França - CHARLY TRIBALLEAU/AFP
Edouard Philippe é o novo primeiro-ministro da França Imagem: CHARLY TRIBALLEAU/AFP

28/04/2020 12h42

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, apresentou nesta terça-feira (28) a estratégia da França para o fim do confinamento a partir de 11 de maio. As propostas serão debatidas e depois votadas pelos deputados após o discurso do premiê que ressaltou que, na ausência de uma vacina ou de tratamentos eficazes contra o coronavírus será preciso que a todos saibam conviver com a doença.

Em um discurso de mais de uma hora, Edouard Philippe detalhou as etapas do fim do confinamento. O país obedece a medidas de quarentena desde 16 de março que, segundo o premiê, "permitiram evitar a morte de cerca de 62 mil mortes na França".

Para o primeiro-ministro, o "desconfinamento" é necessário, mesmo que seja "arriscado". Devido à possibilidade de forte prejuízo à economia do país, é preciso que a medida seja retirada "progressivamente e prudentemente".

No entanto, Philippe ressaltou que, na ausência de vacinas ou de um tratamento eficaz contra a covid-19, "o vírus vai continuar a circular". "É preciso aprender a se proteger", afirmou, lembrando que a vida será retomada "semana após semana, progressivamente".

Proteger, testar e isolar

Philippe anunciou que a partir de 11 de maio, a França começará a deixar o confinamento, focando em três objetivos: "proteger, testar e isolar". Durante todo o processo as medidas "de barreira" contra o vírus - como a frequente lavagem de mãos, o distanciamento social e o uso de máscaras continuarão sendo aplicadas. O "desconfinamento", segundo o premiê, será realizado com base na propagação da doença em cada região, com a estratégia sendo adaptada de acordo com o aumento ou diminuição contágio.

Uma das etapas-chave deste período será a utilização de máscaras. Por isso, o premiê convidou as empresas a equiparem seus empregados com o material. Também garantiu que, a partir de 30 de abril uma plataforma na internet será lançada para a compra e entrega de máscaras. Farmácias já estão autorizadas a vender o produto e a população também foi convocada a fabricá-lo em casa, para uso pessoal.

O premiê defendeu a estratégia adotada até agora pela França contra o vírus e prometeu a realização de 700 mil testes por semana a partir de 11 de maio. Segundo ele, cada vez que alguém receber o diagnóstico positivo, todas as pessoas com quem o contaminado teve contato também serão colocadas em quarentena e testadas. "O objetivo é isolar o mais rápido possível para interromper a cadeia de transmissão", afirmou.

Um aplicativo para smartphones que está sendo desenvolvido para o rastreamento dos doentes, o Stop Covid, também foi evocado pelo premiê com o objetivo de ser "um complemento às estratégias". A questão é alvo de uma forte polêmica no país, já que muitos temem que o governo tenha acesso a dados pessoais dos cidadãos. Por isso, Philippe acredita que o assunto deva ser debatido e votado pela Assembleia quando o aplicativo estiver pronto para utilização.

Como será a primeira fase

"Tudo será feito progressivamente", garantiu o primeiro-ministro. A primeira fase da saída do confinamento acontecerá até dia 2 de junho. Ainda não foi definido quais regiões devem iniciar o processo: os detalhes devem ser anunciados em 7 de maio.

No entanto, Philippe confirmou que as aulas serão retomadas a partir de 11 de maio, com base na evolução do contágio em cada região. As crianças dos maternais serão as primeiras a ser acolhidas pelas instituições de ensino. O ensino fundamental voltará às aulas em 18 de maio e o ensino médio no início de junho.

O processo obedecerá a algumas regras, como grupos de, no máximo 15 alunos. Já as creches terão grupos de, no máximo, 10 alunos. Todos os profissionais da educação terão de utilizar máscaras, bem como os alunos a partir do do ensino fundamental. Durante esse período, o ensino à distância continuará sendo realizado.

O governo também aconselha as empresas a continyarem adotando o home office para os empregados que puderem, pelo menos nas próximas três semanas. "O retorno ao trabalho deve garantir a saúde os empregados", salientou o premiê.

Philippe afirmou que o comércio reabrirá em 11 de maio, exceto restaurantes e cafés, que terão a situação revisada no final de maio. Os demais locais reabrirão limitando o número de pessoas dentro dos estabelecimentos. Já centros comerciais com mais de 40 mil metros quadrados podem permanecer fechados, dependendo da decisão de prefeitos.

O funcionamento dos tranportes públicos terá sua oferta aumentada a partir de 11 de maio. O primeiro-ministro fez um apelo para que os cidadãos deem prioridade de sua utilização em horários de ponta aos trabalhadores. Também pediu que taxistas utilizem máscaras dentro de seus veículos.

Já as viagens de trem entre as regiões francesas deverão ser feitas apenas por motivos de extrema necessidade. A circulação ferroviária deve diminuir a partir de 11 de maio para evitar o deslocamento.

Coronavírus liga alerta pelo mundo

Vida social retomada "progressivamente"

O ministro também revelou outros detalhes sobre a retomada da vida social na França. Segundo ele, a partir de 11 de maio será possível sair sem a autorização obrigatória desde 16 de março. Parques e jardins serão reabertos onde o vírus não circula de forma ativa. Já as praias francesas permanecerão fechadas ao menos até 1° de junho.

Apenas pequenos museus e bibliotecas poderão reabrir a partir de 11 de maio. Grandes museus, cinemas, teatros e salas de concertos e shows permanecerão fechados.Grandes manifestações esportivas e festivais culturais não devem ser realizados até setembro. As temporadas de campeonatos de esporte continuarão interrompidas.

Locais de culto não poderão realizar cerimônias até ao menos o início de junho, diferentemente dos cemitérios, que reabrirão em 11 de maio. Segundo o premiê, todos os eventos nos quais o vírus pode ser transmitido, como casamentos, devem ser adiados. Já reuniões privadas poderão ser realizadas mas como o limite de dez pessoas.