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Protesto antimáscaras desrespeita medidas sanitárias e é dispersado na Alemanha

Negacionistas protestam contra restrições para o combate à pandemia do novo coronavírus em Berlim, na Alemanha - John Macdougall/AFP
Negacionistas protestam contra restrições para o combate à pandemia do novo coronavírus em Berlim, na Alemanha Imagem: John Macdougall/AFP

29/08/2020 10h31

A segunda manifestação de militantes antimáscaras em menos de um mês na Alemanha acabou dispersada pela polícia de Berlim neste sábado (29). As autoridades alegam que a maioria dos participantes não respeitava as medidas sanitárias para evitar a propagação do coronavírus, como o distanciamento de pelo menos um 1,5 metro entre os manifestantes.

Cerca de 18 mil pessoas se reuniram na capital alemã para protestar contra as restrições impostas para limitar as contaminações por Covid-19, em um momento em que o país registra uma nova alta dos contágios. O uso de máscaras não era obrigatório, portanto não foi adotado.

Os manifestantes fazem parte de um grupo heterogêneo que inclui liberais, conspiracionistas, militantes antivacinas ou de extrema-direita. O evento, chamado de Festa da Liberdade e da Paz, foi organizado pelas redes sociais.

A opinião pública alemã tem se colocado cada vez mais contrária às medidas de restrição contra a pandemia de coronavírus - mesmo que o país jamais tenha adotado uma quarentena rígida como na França ou na Itália. Os manifestantes reclamam da "ditadura" das medidas contra a Covid-19, pedem a saída de Angela Merkel e a realização de eleições antecipadas em outubro, um ano antes do previsto.

Em defesa das liberdades fundamentais

"O distanciamento mínimo não é respeitado pela maioria, apesar dos pedidos reiterados dos policiais. Por isso, não há outra alternativa a não ser dissolver o encontro", indicou a polícia, em um comunicado. Cerca de 3 mil agentes estavam mobilizados para garantir a segurança da manifestação.

Na multidão reunida no Portão de Brandemburgo, símbolo da capital alemã, havia pessoas de todas as idades, inclusive famílias com crianças. "Não sou simpatizante da extrema direita. Estou aqui para defender as liberdades fundamentais", disse à AFP o berlinense Stefan, de 43 anos, que usava uma camiseta com a frase "pensar ajuda".

"Estamos aqui para dizer que precisamos tomar cuidado. Com crise de coronavírus ou não, precisamos defender as nossas liberdades", insistiu a estudante Christina Holz, de 22 anos, com uma blusa pedindo a libertação do fundador do WikiLeaks, Julien Assange, preso no Reino Unido.

Inicialmente, o protesto havia sido proibido pela prefeitura da cidade, "por razão de saúde pública". O governo via o respeito do distanciamento entre os manifestantes como um objetivo impossível. Entretanto, o tribunal administrativo municipal, acionado pelos organizadores da marcha, autorizou o protesto na sexta-feira (28).

Horas depois, um grupo menor, de cerca de 1,5 mil pessoas, se reuniu no ponto de encontro para celebrar a decisão. Diversas personalidades da extrema direita também comemoraram, como o deputador Leif-Erik Holm, do partido Alternativa para Alemanha (AfD), para quem a decisão foi "uma vitória para a liberdade".

Segundo protesto dispersado

O primeiro protesto antimáscaras na Alemanha ocorreu em 1º de agosto, com a participação de 20 mil pessoas. O encontro também foi dispersado pela polícia, pela mesma razão deste sábado.

O movimento foi lançado em Sttutgart pelo especialista em informática Michael Ballweg, sem partido, iniciador do "Pensadores não-conformistas 711". Ele disse que a tentativa de proibição dos protestos representa um "ataque à Constituição" alemã e ao direito à livre expressão.

Organizações de esquerda, por sua vez, conclamaram contramanifestações. "É importante que a gente mostre que não há tolerância aos racistas, antissemitas, extremistas de direita e nazistas", afirmou Anne Helm, do partido de esquerda radical Die Linke.

(Com AFP)