Raquel Landim

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Opinião

Lula chama Bolsonaro para briga em SP, mas seu adversário é Tarcísio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem repetidamente nacionalizando a eleição para a prefeitura de São Paulo numa estratégia que quase ofusca o seu candidato, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Na convenção que lançou oficialmente o nome de Boulos na corrida neste fim de semana não foi diferente.

"O Boulos é o meu candidato. Eu me sinto tão candidato quanto ele. Eu quero ser responsável pela vitória dele. Mas, muito mais que eu, vocês (eleitores)", disse Lula.

E continuou:

"Uma coisa eu estou certo: com a vitória do Boulos, a gente vai dizer que nunca mais a extrema direita, os fascistas, os nazistas, os negacionistas e os mentirosos vão voltar a governar este país".

Dessa vez, Lula abriu um pouco o leque. Já que numa outra oportunidade tinha dito que a disputa em São Paulo era entre ele e a "figura", referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O problema dessa estratégia é que o provável "adversário" de Lula, tanto na disputa municipal neste ano, quanto em 2026, não é Bolsonaro, mas Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

Boulos quer fustigar Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, como o candidato do bolsonarismo, já que o prefeito, afinal, fez de tudo para conseguir o apoio de Bolsonaro.

Mas a campanha de Nunes vai escondê-lo e tem outros disputando esse posto como, por exemplo, Pablo Marçal (PRTB). Quem promete estar na linha de frente do candidato do MDB é o governador paulista.

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Tarcísio só abandona a campanha de Nunes se surgir algo muito ruim contra o prefeito.

Segundo o último Datafolha, Bolsonaro é rejeitado por 65% dos eleitores da capital. Enquanto Lula e Tarcísio ficam praticamente empatados em rejeição com 45% e 48%.

Lula já identificou isso tanto que passou a provocar Tarcísio em todos os eventos que participa, cobrando sua presença e o acusando de não trabalhar em conjunto com o governo federal em prol de São Paulo.

Aliás, uma mudança completa de tom de antes da eleição municipal se aproximar, quando presidente e governador se davam bem apesar das divergências políticas.

Só que Tarcísio é bolsonarista, mas não é Bolsonaro. Não é negacionista, porque nunca se opôs à vacinação da covid. Pelo contrário, comprou briga com o ex-presidente porque vacinou suas filhas.

Difícil colar nele a imagem da fascista e nazista, porque não tem vídeo de Tarcísio atacando o Supremo Tribunal Federal. Ele é um dos que faz as pontes da direita com os ministros do STF.

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O governador tem uma pegada duríssima com a segurança pública e suas operações na Baixada Santista receberam críticas diversas das organizações de direitos humanos.

Mas, numa país assolado pela violência, esse tipo de postura agressiva virou ativo político. É só observar o que aconteceu no Congresso com a lei das saidinhas e com o veto de Lula contra o qual até Maria do Rosário (PT) e Tabata Amaral (PSB) votaram contra.

Na convenção, Boulos tentou falar de suas propostas para São Paulo, mas Lula e a polarização, mais uma vez, roubaram a cena. O candidato do PSOL, por enquanto, está 10 pontos atrás de Nunes nas pesquisas de segundo turno.

E como fica para Lula se Boulos perder para Nunes em São Paulo? Vai ser a primeira derrota política dele para Tarcísio?

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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