Israel admite que negocia em segredo com países árabes para normalizar relações
As autoridades israelenses têm tido discussões secretas com líderes árabes e muçulmanos sobre a normalização das relações com o Estado judeu, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu neste domingo (30), na véspera do "primeiro voo comercial direto" entre Israel e os Emirados Árabes Unidos.
Netanyahu já falou com oficiais do Sudão, Chade e Omã, que estão entre os contatos que foram "divulgados".
Mas "há muito mais reuniões não mediadas com líderes árabes e muçulmanos para normalizar as relações", disse ele em uma coletiva de imprensa em Jerusalém, ao lado de Jared Kushner, conselheiro da Casa Branca e genro do presidente Donald Trump - marido de Ivanka Trump desde 2009 e pai de seus três filhos.
O primeiro-ministro israelense não desvendou que outros países que discutem uma possível normalização com Israel. O estado judaico busca atualmente estender a outras nações da região o acordo anunciado em 13 de agosto com os Emirados Árabes Unidos.
"Os avanços de hoje serão os padrões de amanhã. Eles abrirão o caminho para que outros países normalizem suas relações com Israel", acrescentou Netanyahu.
Protestos contra Netanyahu duram 10 semanas
Ao lado dele, Jared Kushner chamou o acordo com os Emirados de "um salto gigante" para a paz no Oriente Médio —mas especialistas são mais céticos quanto às reais possibilidades de avanços pela iniciativa.
Muitos indicam que Netanyahu deseja desviar o foco da intensa contestação que enfrenta no plano doméstico. Neste domingo (30), ele foi alvo hoje de mais um protesto. Dezenas de milhares de manifestantes se reuniram em frente à casa do primeiro-ministro para pedir sua renúncia. É a décima semana consecutiva em que os protestos acontecem.
Demonstrando vontade de avançar nas negociações diplomáticas em alta velocidade, uma delegação israelo-americana deve decolar na manhã desta segunda-feira (31) no "primeiro voo comercial direto" entre Israel e os Emirados, mais precisamente entre Tel Aviv e Abu Dhabi. O chefe do Conselho de Segurança Nacional israelense, Meir Ben-Shabbat, Jared Kushner e o assessor presidencial para a segurança nacional Robert O'Brien devem participar deste voo já considerado "histórico" pelas partes.
Emirados e Israel estão separados geograficamente pela Arábia Saudita, país aliado dos Estados Unidos e próximo dos Emirados, mas com o qual Israel não mantém relações oficiais.
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