A três dias da posse de Biden, partidários de Trump planejam ações em vários estados americanos
A três dias da posse do presidente eleito Joe Biden, a maioria dos estados americanos está em estado de alerta neste domingo (17). De acordo com informações do FBI, partidários de Donald Trump - mas também grupos de extrema direita - poderiam organizar manifestações armadas em torno de locais de poder em todo o país, para protestar contra o que ainda consideram uma "eleição roubada", apesar de nenhuma fraude ter sido constatada pela Justiça.
A tensão é particularmente forte nos estados onde o democrata derrotou o presidente republicano por pequena margem de votos. É o caso da Pensilvânia, por exemplo, onde as ruas estreitas do centro de Harrisburg, a capital, tiveram pouco movimento no sábado (16).
Marc, um habitante que mora ao lado do parlamento estadual, disse à reportagem da RFI que se sentia em segurança e tinha confiança nas medidas anunciadas pela polícia municipal e pela guarda republicana. "Mas ficarei atento, claro, porque não sei o que pode acontecer nos próximos dias."
Apenas uma jovem estava sentada nos degraus desertos do edifício, segurando um cartaz do movimento Black Lives Matter (Vidas Pretas Importam). "Os apoiadores de Trump aparecem armados em todas as manifestações. Não questiono o direito constitucional do porte de armas. Mas eles não deveriam precisar disso para participar de uma demonstração supostamente pacífica. No entanto, toda vez eles vêm armados e isso é assustador. Principalmente porque eles nos ameaçam diretamente. Eles apontam suas armas na nossa cara", disse ela.
John Jackson Austin, dono de um pequeno salão de beleza nas redondezas, conta que os apoiadores de Trump proferem insultos racistas a cada manifestação. "Fui xingado várias vezes porque tinha colocado um cartaz de Joe Biden e da vice Kamala Harris na minha vitrine", relatou à reportagem. "Não aguentei a pressão e fui obrigado a retirá-lo", afirmou.
O temor de distúrbios violentos acabou levando vários comerciantes de Harrisburg a fechar seus estabelecimentos a partir deste domingo até a posse, na quarta-feira (20).
Homem preso em Washington tinha 500 cartuchos de munição
Um homem fortemente armado foi preso na noite de sexta-feira (15) perto do Capitólio, quando tentava entrar na área onde será realizada a cerimônia de posse. Wesley Allen Beeler, da Virgínia, foi pego pela polícia em posse de uma pistola carregada e mais de 500 cartuchos de munição. Ele tentou usar uma credencial falsa para ter acesso ao local, segundo o documento apresentado ao Tribunal Superior de Washington.
Beeler foi indiciado por acusações que incluem porte de arma de fogo não registrada e porte ilegal de munição, de acordo com o relatório. "Foi um erro de boa fé", disse Beeler ao jornal Washington Post após ser libertado.
"Parei em um posto de controle depois de me perder em Washington porque sou do interior. Mostrei a eles a credencial de acesso à cerimônia que haviam me dado", acrescentou.
Diante do violento ataque ao Capitólio por apoiadores de Trump em 6 de janeiro, Washington tomou uma série de medidas nos últimos dias e parece um campo de guerra, com blocos de concreto e arame farpado espalhados nas ruas. Membros da guarda nacional foram mobilizados em vários estados e cercas foram erguidas em torno de alguns parlamentos locais, como na Califórnia e em Minnesota.
Investigadores do Departamento de Justiça afirmaram que ainda não encontraram nenhuma evidência de que os invasores que atacaram a sede do Congresso tiveram a intenção de sequestrar e matar algum parlamentar.
Biden assinará decretos emergenciais
Normalmente, a cerimônia de posse é uma oportunidade para centenas de milhares de americanos irem à Washington a cada quatro anos e comprarem todos os tipos de produtos com a imagem de seu presidente, antes de vê-lo prestar juramento na escadaria do Capitólio.
O evento, porém, terá um sabor especial este ano: o Passeio Nacional, a ampla esplanada em frente ao prédio do Congresso, será fechado ao público. Somente pessoas credenciadas poderão entrar na área e é provável que o número de militares que patrulham a capital ultrapasse o número de espectadores.
Trump deixará a capital na manhã da quarta-feira e não fará a transmissão do cargo a seu sucessor, quebrando o protocolo.
Assim que prestar juramento e for empossado, Biden assinará uma série de ordens executivas para lidar com a pandemia do coronavírus, a debilitada economia americana, as mudanças climáticas e a injustiça racial, informou Ron Klain, seu novo chefe de gabinete.
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