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UE restringe viagens não essenciais, mas mantém fronteiras internas abertas

Apesar da alta de infecções e hospitalizações, os governos querem evitar outra onda de abre-e-fecha destas fronteiras, o que gerou caos no ano passado - Cristina Arias/Cover/Getty Images
Apesar da alta de infecções e hospitalizações, os governos querem evitar outra onda de abre-e-fecha destas fronteiras, o que gerou caos no ano passado Imagem: Cristina Arias/Cover/Getty Images

Letícia Fonseca-Sourander

21/01/2021 19h50Atualizada em 22/01/2021 09h42

Diante da inquietante propagação das variantes do coronavírus e a explosão de novos casos de contaminação no continente, líderes europeus, reunidos por videoconferência nesta quinta-feira (21), decidiram restringir as viagens não essenciais para os países da União Europeia, mas manterão abertas as fronteiras internas do bloco. Apesar da alta de infecções e hospitalizações, os governos querem evitar outra onda de abre-e-fecha destas fronteiras, o que gerou caos no ano passado.

Por enquanto, os dirigentes do bloco decidiram que os certificados de vacinação devem ser utilizados apenas como atestados médicos, e não como documentos que viabilizem viagens dentro ou fora da UE. Atualmente, alguns países europeus solicitam a quem chega testes recentes de Covid-19. A questão sobre o fechamento das fronteiras aos viajantes que não foram vacinados não é consenso entre os governos comunitários.

A Grécia, por exemplo, país que depende do turismo, propôs a criação de um certificado de imunização para que as pessoas vacinadas tenham liberdade para viajar, sem que tenham que passar por testes ou quarentena. Portugal, Espanha e Malta, cujas economias duplicaram com o turismo, apoiam a ideia. Dinamarca e Polônia inclusive já começaram a emitir estes "passaportes de vacinação" para seus cidadãos imunizados. A França, no entanto, receia que a iniciativa possa limitar a circulação de pessoas tanto de dentro quanto de fora da União Europeia.

378 milhões de pessoas vacinadas até agosto

Outro ponto discutido durante a videoconferência dos líderes europeus foi o aceleramento da campanha de imunização contra a Covid-19 nos países-membros e a necessidade da troca de informações sobre as variantes do vírus pelas autoridades médicas do bloco.

O Centro Europeu de Prevenção de Doenças, a Agência Europeia de Medicamentos, a Comissão Europeia e os 27 países do bloco pretendem até março vacinar pelo menos 80% das pessoas com mais de 80 anos, além dos profissionais de saúde, assistentes sociais e cuidadores em asilos de idosos. Até o verão de 2021, entre os meses de junho a agosto, os governos europeus deverão ter vacinado 70% da população adulta do bloco, ou seja, 378 milhões de pessoas com as duas doses da vacina, que são gratuitas e opcionais.

Além das duas vacinas - Pfizer/BioNTech e Moderna - contra a Covid-19 que estão sendo utilizadas desde final do ano passado, a Agência Europeia de Medicamentos deve aprovar uma terceira vacina, a da AstraZeneca, no dia 29 de janeiro. E, depois, será a vez do imunizante da Johnson & Johnson. A Comissão Europeia fechou contrato com seis produtores de vacinas. Além destas quatro empresas farmacêuticas, a alemã CureVac e a cooperação franco-britânica Sanofi-GSK deverão também entrar no mercado europeu, após a avaliação científica.

O primeiro-ministro da Hungria, o nacionalista Viktor Orbán, criticou a lentidão da distribuição das vacinas pela União Europeia e deu início aos procedimentos para autorizar a vacina russa, Sputnik V, ignorando assim o pedido de adesão à política comum de vacinação contra a Covid-19 no bloco. Pesquisas mostram que os húngaros estão entre os mais céticos sobre a imunização do novo coronavírus. Apenas menos da metade da população do país está preparada a receber as duas doses da vacina.

Restrições ainda mais severas

Em resposta ao recente aumento da transmissão do novo coronavírus na Europa, alguns países do bloco europeu reforçaram as medidas restritivas em mais uma tentativa para conter a propagação da nova variante britânica e sul-africana, que são muito mais contagiosas do que as cepas do vírus que circulavam anteriormente.

A Alemanha determinou o fechamento das escolas e jardins de infância até, pelo menos, meados de fevereiro. Portugal - que esta semana registrou uma das taxas mais altas de contaminação diária no continente - anunciou o fechamento de todas as creches, escolas e universidades nas próximas duas semanas a partir desta sexta-feira (22). Os alunos não terão ensino a distância e os exames universitários foram adiados. Nas últimas 24 horas, o país registrou 14 mil casos de infecção e 319 mortes.

A Holanda impôs nesta quinta-feira um toque de recolher às 20h30 no país, enquanto na França o toque de recolher, em vigor desde o último sábado (16), é a partir das 18h em todo território nacional. A possibilidade de um terceiro confinamento na França não está descartada após o país registrar mais de 20 mil casos de Covid-19 nas últimas 24 horas.