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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Otan se reúne para definir nova estratégia para a guerra na Ucrânia

Sede da Otan em Bruxelas - Yves Herman/Reuters
Sede da Otan em Bruxelas Imagem: Yves Herman/Reuters

Letícia Fonseca-Sourander

Da RFI, em Bruxelas

16/03/2022 05h59Atualizada em 16/03/2022 13h21

Os ministros da Defesa da Otan se reúnem nesta quarta-feira (16) na sede da aliança militar em Bruxelas, em caráter extraordinário, para avaliar quais deverão ser os próximos passos em meio a escalada de violência na guerra. Ucrânia, Finlândia, Suécia, Geórgia, países que não fazem parte da organização, além de representantes da União Europeia também participam do encontro.

Às vésperas da reunião extraordinária, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg afirmou que " nós - a aliança - devemos rever nossa posição militar" depois da invasão russa na Ucrânia. Na coletiva para a imprensa, Stoltenberg explicou que concretamente isso "deve significar um aumento substancial das tropas na parte oriental da Otan", com o envio de mais 40 mil soldados.

"A invasão russa na Ucrânia e sua integração militar com Belarus formam uma nova realidade de segurança no continente europeu. E nós devemos rever nossa posição militar diante desta nova realidade", prosseguiu. Stoltenberg disse estar preocupado com a possibilidade de a Rússia organizar uma operação clandestina, sob bandeira falsa, para usar armas químicas e biológicas na Ucrânia.

Mais cedo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reconheceu que o seu país não poderá integrar à OTAN, uma das exigências da Rússia para o cessar-fogo. "Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos que reconhecê-la", declarou Zelensky. A OTAN vem apoiando a Ucrânia de diferentes maneiras, há anos. Desde a anexação da Criméia, em 2014, a aliança militar treina soldados e fornece armamentos e equipamentos militares, mas a adesão do país nunca esteve sob a mesa de negociações da organização.

Medidas concretas

Nesta quarta-feira (16), os ministros da Defesa da OTAN devem abrir as discussões abordando medidas concretas para reforçar a segurança a longo prazo, em todas as áreas. O reforço das defesas aéreas e antimísseis, o reforço marítimo, a ciberdefesa assim como a manutenção de exercícios militares também estão na agenda do encontro.

Jens Stoltenberg pediu para que os membros da OTAN aumentem suas contribuições com pelo menos 2% do Produto Interno Bruto de cada país à defesa e também afirmou que a China "deveria se unir ao mundo e condenar a Rússia".

No domingo passado, o bombardeio russo que atingiu a base militar de Yavoriv, no oeste ucraniano, a apenas 15 quilômetros da fronteira com a Polônia, que faz parte da OTAN, elevou a temperatura e acendeu um alerta no Ocidente.

A Ucrânia não é membro da aliança militar, mas desde 1991, quando se tornou independente, a antiga república soviética se afiliou ao programa de Cooperação para Manutenção da Paz e Segurança, lançada pela OTAN para reestabelecer relações bilaterais com países terceiros. A partir desta parceria, Yavoriv era o local de treinamento das forças militares ucranianas e tropas vindas de outros países.

Com a guerra, a base de Yavoriv se tornou o lugar de entrada de parte da ajuda militar destinada à Ucrânia pelos países ocidentais. Além de 35 mortos e mais de 130 feridos, os mísseis russos em Yavoriv destruíram mísseis antitanques Javelin e mísseis anti-aéreos Stinger.

Exercícios militares no Ártico

A Organização do Tratado do Atlântico Norte iniciou esta semana uma série de exercícios militares na Noruega, mais precisamente na região do Círculo Polar Ártico e a cerca de 450 quilômetros da fronteira com a Rússia. Este tipo de operação acontece normalmente a cada dois anos, mas no contexto atual da guerra na Ucrânia os treinamentos estão sendo realizados em meio a uma grande tensão diplomática.

A chamada operação "Cold Response 2022" que se estenderá até o dia 1º de abril, conta com cerca de 30 mil soldados de diversos países e tem como objetivo testar a capacidade de combate em condições climáticas difíceis como as do Ártico.

Na próxima semana, o presidente dos EUA, Joe Biden desembarca em Bruxelas para uma Cúpula extraordinária da OTAN, a ser realizada no dia 24 de março, quando completa um mês da invasão russa na Ucrânia. A Rússia acaba de anunciar sanções contra Biden e mais 12 altos funcionários americanos, em resposta às medidas punitivas de Washington contra Moscou.

Zona de exclusão aérea

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky voltou a pedir à Otan uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. "Se não fecharem o nosso espaço aéreo, é apenas uma questão de tempo para que os mísseis russos comecem a cair nos países da OTAN", ressaltou Zelensky.

Até o momento, a OTAN e os países do Ocidente têm rejeitado o pedido do líder ucraniano argumentando que na prática isso poderia desencadear uma guerra mundial.

Enquanto o mundo acompanha as atrocidades da guerra na Ucrânia e se inquieta pelo o que ainda pode acontecer, mais de 3 milhões de ucranianos fugiram do país desde o início dos ataques russos há três semanas. É a maior crise humanitária na Europa em décadas. O conflito da Síria, que gerou outro êxodo em massa recente, precisou de dois anos de combate até chegar a marca dos 2 milhões de refugiados.