Otan expressa otimismo sobre uma rápida adesão de Finlândia e Suécia
A Otan se disse convencida neste domingo (15) sobre a possibilidade de superar os obstáculos impostos pela Turquia para poder aceitar rapidamente os pedidos de adesão da Finlândia e da Suécia. Um pouco antes, Helsinki oficializou sua solicitação de entrada na Aliança Atlântica, uma consequência direta da invasão russa na Ucrânia.
Durante uma coletiva de imprensa em Berlim, o secretário-geral adjunto da Otan, Mircea Geona, declarou que a aliança está disposta a "encontrar todas as condições para um consenso" sobre os pedidos de adesão dos dois países nórdicos.
Representantes dos países membros da Otan se reuniram neste domingo na capital alemã para discutir a questão das garantias de segurança à Suécia e a Finlândia. A reunião foi convocada pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, depois que os projetos de integração elaborados por Helsinki e Estocolmo geraram represálias e ameças da Rússia.
Outro obstáculo é a Turquia, abertamente contra a adesão dos dois países. Na sexta-feira (13), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que não apoiaria as candidaturas finlandesa e sueca porque, segundo ele, as duas nações "são redutos de várias organizações terroristas". O chefe de Estado turco se refere ao acolhimento pela Finlândia e a Suécia, desde os anos 1970, por uma grande quantidade de curdos, etnia considerada inimiga pelo governo da Turquia.
No entanto, um dia depois, o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, declarou que Ancara está disposta a conversar sobre a integração de possíveis novos membros da Otan. "A ampla maioria da população turca é contrária à adesão destes países, que apoiam o PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão], uma organização terrorista(...). Mas são temas que, evidentemente, devemos abordar com nossos aliados na Otan e com estes países", reiterou.
Finlândia oficializa pedido de entrada na Otan
Neste domingo, a Finlândia anunciou ter oficializado sua solicitação para integrar a Otan. "É um dia histórico. Aqui começa uma nova era", declarou o presidente finlandês, Sauli Niinistö, em uma entrevista coletiva, ao lado da primeira-ministra Sanna Marin.
Na véspera, ele telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, depois que Moscou anunciou que não descarta adotar medidas "técnico-militares", diante da intenção dos dois países nórdicos. No sábado (14), foram suspensas as exportações de energia elétrica da Rússia feita para a Finlândia pela empresa Rao Nordic, que conta com 100% de capital russo. A justificativa oficial para o corte foi o não pagamento de dívidas.
"A conversa foi direta e sem rodeios, aconteceu sem problemas. Evitar as tensões é considerado algo importante", afirmou Niinistö, que nos últimos anos teve contato frequente com presidente russo. Em um comunicado divulgado pelo Kremlin, Putin afirmou que a entrada da Finlândia na Otan seria "um erro". Segundo o chefe do Kremlin, "não há nenhuma ameaça para a segurança" do país.
O Parlamento finlandês deve começar a examinar na segunda-feira (16) o projeto de adesão, mas analistas consideram que a grande maioria dos congressistas apoiará a iniciativa. A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, adotou a postura da neutralidade militar durante os últimos 75 anos. Mas depois que a Rússia iniciou a invasão à Ucrânia, em fevereiro, o consenso político e a opinião pública se inclinaram a favor da adesão à Otan.
A Suécia, outro país que permaneceu historicamente à margem das alianças militares, também pretende apresentar em breve sua candidatura para integrar a Otan, após uma reunião do Partido Social-Democrata, que governa o país, neste domingo.
Apoio dos aliados
Vários representantes da Otan expressaram neste domingo seu apoio aos dois países, ressaltando a necessidade de uma aceitação rápida dos pedidos de adesão. Normalmente, o processo demora um ano para ser finalizado e precisa do acordo de todos os membros.
"A Alemanha preparou tudo para que a formalização da ratificação seja rápida", afirmou a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock. "Devemos dar garantias de segurança a eles, sem a necessidade de um período de transição", disse.
A ministra canadense das Relações Exteriores, Mélanie Joly, também defende a ideia. Ela disse esperar que a concretização da entrada da Suécia e da Finlândia na Otan ocorra "nas próximas semanas".
(Com informações da Reuters e da AFP)
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