Pacote bilionário de Biden incentiva migrantes da América Central a ficarem em seus países
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (7) novos compromissos de investimentos privados de quase US$ 2 bilhões de dólares na América Central para conter a migração, um dos principais temas na Cúpula das Américas, que começou nesta segunda-feira (6).
O anúncio foi feito oficialmente pela pela vice-presidente Kamala Harris, nesta terça-feira (7). "Os investimentos criam um ecossistema de oportunidades e ajudam a dar esperança às pessoas da região para construir vidas seguras e prósperas em seus lares", destacou nesta terça-feira a Casa Branca em um comunicado. O pacote alcança US$1,9 bilhão de dólares para Honduras, Guatemala e El Salvador na forma de "novos investimentos de quase 10 empresas".
Com este novo montante, as promessas de investimentos somam US$ 3,2 bilhões de capital privado para o chamado Triângulo Norte da América Central, de onde vem a maioria dos quase 7.500 migrantes sem documentos que atravessam a cada dia a fronteira entre Estados Unidos e México fugindo da miséria, do medo, da corrupção e da violência.
O fluxo migratório tem um custo político para o governo de Joe Biden e pode fazer com que os democratas percam o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato de novembro.
Na Cúpula das Américas, em Los Angeles, que termina na sexta-feira (10), serão adotados cinco documentos sobre áreas consideradas cruciais: governança democrática, saúde, mudança climática e a sustentabilidade ambiental, transição para a energia limpa e transformação digital.
O governo Biden também espera assinar uma declaração migratória para a qual conta com o apoio do México. No entanto, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador boicota a cúpula e enviará ao evento seu chanceler, Marcelo Ebrard.
"Uma relação muito boa"
"Estamos muito confiantes que os países que assinarão a Declaração sobre Migração estarão comprometidos com seus objetivos e isso inclui, apenas para esclarecer, o México", disse uma fonte do governo americano. A situação dos migrantes nos 3.200 km de fronteira que os dois países compartilham preocupa a sociedade civil, um dos pilares da cúpula, segundo Washington.
"Os Estados Unidos devem encarar o problema da migração não de seu ponto de vista, mas coletivamente, focando na raiz do problema, mas também adotando medidas paliativas quando há problemas", declarou Leonardo Martellotto, da ONG JA Américas. Segundo ele, o papel do setor privado é essencial.
A sociedade civil pode contribuir com soluções, mas "só o governo pode intervir", afirmou. Ele insistiu na importância de fomentar o trabalho remoto nos países de origem, na formação dos jovens em dificuldades e das famílias que recebem as remessas para que tirem o melhor partido delas.
Kamala Harris também pretende anunciar nesta terça-feira uma iniciativa de empoderamento das mulheres, ao mesmo tempo que o Departamento de Estado divulgará a agenda digital para ampliar o acesso à tecnologia e uma iniciativa para promover os meios de comunicação independentes.
Críticas
Além da cúpula, a programação inclui a Cúpula Empresarial das Américas, que começou na noite desta terça, um fórum sobre jovens das Américas e outro sobre a sociedade civil. Os debates se concentraram nesta terça na governabilidade democrática que, segundo Vanessa Neumann, porta-voz sul-americana, é o nexo da cúpula.
"Biden se concentra na migração, enquanto os líderes latino-americanos estão interessados também em protocolos de desenvolvimento como o nearshoring" ou subcontratação. "Fortalecendo a democracia e a inclusão se constrói a prosperidade", declarou.
*Com informações da AFP
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