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Empresário próximo a Putin admite ter criado a milícia armada Wagner

Nesta foto de arquivo tirada em 20 de setembro de 2010, o empresário Yevgeny Prigozhin mostra ao primeiro-ministro russo Vladimir Putin sua fábrica de merenda escolar nos arredores de São Petersburgo - ALEXEY DRUZHININ/AFP
Nesta foto de arquivo tirada em 20 de setembro de 2010, o empresário Yevgeny Prigozhin mostra ao primeiro-ministro russo Vladimir Putin sua fábrica de merenda escolar nos arredores de São Petersburgo Imagem: ALEXEY DRUZHININ/AFP

26/09/2022 13h39Atualizada em 26/09/2022 14h02

Yevgeny Prigozhin, um homem de negócios próximo ao Kremlin, admitiu nesta segunda-feira (26) que fundou o grupo paramilitar Wagner em 2014, milícia que está envolvida em numerosos conflitos ao redor do mundo, chamando-a de "pilar" da defesa dos interesses russos.

O homem apelidado de "cozinheiro de Putin" - porque sua empresa de catering fornecia serviços para o Kremlin - admitiu o que as potências ocidentais e a mídia há muito afirmavam.

Wagner, cuja presença está documentada há oito anos na Ucrânia, Síria, Líbia, República Centro-Africana e Mali, é visto por seus críticos como o exército-sombra de Vladimir Putin, promovendo os interesses russos ao fornecer combatentes, mas também instrutores e conselheiros militares em conflitos pelo planeta.

O presidente russo havia negado, em outubro passado, que o grupo fazia o "trabalho sujo" em seu lugar e que a milícia servia os interesses do Estado russo.

A admissão do Prigozhin vem depois que um vídeo apareceu nas redes sociais neste mês. As imagens pareciam mostrar que ele estava recrutando prisioneiros de uma penitenciária russa para lutar com o grupo Wagner na frente ucraniana.

"Pilar de nossa pátria"

Nas redes sociais de sua empresa, a Concord, Prigozhin disse, nesta segunda-feira, que fundou o grupo para enviar combatentes qualificados para o Donbass, na Ucrânia, em 2014, onde Moscou orquestrou o surgimento de um movimento separatista armado.

"Foi então, em 1º de maio de 2014, que nasceu um grupo de patriotas, que foi chamado Grupo Tático do Batalhão de Wagner", disse ele na declaração.

"E agora uma confissão (...) esses caras, heróis, defenderam o povo sírio, outros povos de países árabes, os africanos e latino-americanos, eles se tornaram um pilar de nossa pátria", disse ainda.

Prigozhin, com seus olhos penetrantes e cabeça raspada, é uma das figuras mais conturbadas do regime de Putin, sancionado pela União Europeia por seu papel no grupo Wagner.

Na Rússia, ele processou o oponente número um do Kremlin, Alexei Navalny, que agora está na prisão. Ele também é acusado de estar por trás de pelo menos uma "fábrica de perfis falsos" envolvidas nos esforços para interferir nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 vencidas por Donald Trump. Prigozhin foi sancionado pelos EUA.

Heróis

Ele é responsável pelas finanças do Wagner, mas os controles operacionais estão, segundo a mídia russa, nas mãos de Dmitri Outkin. Pouco se sabe sobre este homem de 50 anos, que se diz ter crescido dentro da inteligência militar russa.

Em dezembro de 2016, ele foi recebido no Kremlin para uma cerimônia em homenagem aos "heróis" da Síria, onde foi fotografado com o presidente Vladimir Putin.

As operações de Wagner estão no centro de numerosos escândalos, tensões diplomáticas e supostos abusos, notadamente na Síria e na República Centro-Africana, onde centenas de homens estão entre os "instrutores" do exército. Paris se refere à relação entre as forças armadas do país e o grupo como uma "captura do poder".

Uma crise entre a Rússia e Belarus também colocou um foco inesperado na organização em 2020, quando Minsk anunciou a prisão de 33 "mercenários" do grupo.

Estes homens disseram que estavam em trânsito através de Belarus para outros campos: Venezuela, Líbia, Cuba, Turquia e Síria. Em meio à situação embaraçosa, Moscou negociou seu discreto retorno à Rússia.

(Com AFP)