Cidade com mais eleitores fora do Brasil, Lisboa tem esquema de segurança para 2º turno já a partir de sábado
A polícia portuguesa vai executar, já a partir deste sábado (1), um esquema de segurança no entorno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, local de votação na capital portuguesa.
Em nota, o comando metropolitano responsável pela área, que articula as ações com o consulado-geral do Brasil em Lisboa, diz que a segurança vai ser feita para "garantir a regularidade e serenidade do ato eleitoral, bem como assegurar a mobilidade em toda a área envolvente face à expectável afluência de milhares de eleitores àquela zona da cidade".
A polícia também afirma que tem "um dispositivo de segurança para garantir eventuais festejos que possam ocorrer na cidade".
A votação vai ocupar 33 salas no prédio da faculdade. A jornalista Ticiana de Castro lembra bem de como fica o movimento no local. Morando em Lisboa há seis anos, a cearense votou nas eleições de 2018.
"Eu me senti um pouco temerosa porque vi pessoas discutindo do lado de fora. Assim que desci da estação de metrô pra votar, já comecei a ver a movimentação de pessoas. Depois, vendo as notícias, vi que houve bate boca entre os polos diversos, da direita e da esquerda", conta a jornalista.
Movimentos que devem aumentar, isso porque Lisboa se tornou a cidade com o maior número de eleitores fora do Brasil. Agora, 45.273 pessoas votam na capital portuguesa, número 113% maior do que o das eleições de 2018.
Profissional de marketing, Ananda Garcia vai votar pela primeira vez desde que se mudou para Lisboa. Ela tentou participar na última eleição, mas na época perdeu o prazo para transferência do domicílio eleitoral.
"Eu fui um pouco ingênua. Quando fui me organizar vi que o prazo tinha acabado meses antes. Por isso mesmo ,dessa vez já comecei a me organizar ano passado, estava olhando sempre o site para submeter meu pedido de transferência e deu certo dessa vez", conta Ananda.
Em 2018, a faculdade recebeu 61 sessões eleitorais. Este ano vão ser 118. De 28 urnas eletrônicas na última eleição, agora vão ser 58. E o número total de mesários passou de 108 para 232 este ano.
As urnas eletrônicas para a capital portuguesa já chegaram e todas foram testadas. Cinco apresentaram algum tipo de falha durante a checagem, que foram resolvidas seguindo orientações do cartório eleitoral de Brasília. Apenas uma urna precisou ser substituída. As 58 que vão ser utilizadas já estão lacradas e só voltam a funcionar no domingo, dia 2.
Durante uma coletiva de imprensa, representantes do consulado do Brasil em Lisboa reforçaram a importância de os eleitores no exterior baixarem o aplicativo e-título, da justiça eleitoral, para confirmarem o número da seção em que votam. A cônsul-adjunta, Izabel Cury, explicou que vai ser montado um check-in na entrada da faculdade para evitar aglomerações.
"Diante desses números que, de fato, são impressionantes, um aumento de mais de 100%, vai ser expandido o território dentro do edifício da faculdade a ser utilizado para instalação das urnas. Como, em respeito às leis eleitorais, a gente deve evitar ao máximo a aglomeração, nos preocupa que as pessoas venham informadas. Logo na entrada a gente pretende montar uma espécie de check-in. Isso tende a facilitar o fluxo e o processo", explicou Cury.
Para evitar aglomerações, descumprimentos da lei eleitoral e possíveis conflitos entre apoiadores de candidatos diferentes no interior do prédio, o cônsul Wladimir Valler Filho explicou que o número de seguranças privados, 10 até o momento, poderá ser aumentado.
Em Portugal também há locais de votação nas cidades do Porto, na região norte, e em Faro, na região sul. Ao todo, o país tem 80.866 pessoas aptas a votar, um crescimento de 106% em relação a 2018. Portugal é agora o segundo maior colégio eleitoral do exterior, ultrapassando o Japão e atrás apenas dos Estados Unidos.
A cientista política Ana Paula Costa, vice-presidente da Casa do Brasil de Lisboa, analisa que o aumento expressivo do número de eleitores em Portugal está relacionado ao crescimento da imigração brasileira no país.
"A comunidade brasileira já é a maior há alguns anos em Portugal, mas nos últimos dois, três anos, aumentou muito. Hoje, já somos mais de 200 mil brasileiros. Penso que isso reflete também o aumento de eleitores", diz a cientista política. "A vida do imigrante é lá e cá. Nós não deixamos de nos preocupar com as questões políticas, econômicas, sociais, por viver no exterior, pelo contrário", complementa.
A cientista política ressalta que as decisões do governo definem acordos e medidas que impactam a vida dos brasileiros no exterior.
"A política externa no Brasil é organizada internamente, então votar, exercer esse direito estando no exterior faz todo sentido. Todas as matérias relacionadas às relações exteriores do Brasil, à postura dos consulados, embaixadas, isso afeta a vida do imigrante, que, apesar de viver fora, não está de forma alguma alheio às questões políticas do Brasil".
O voto dos brasileiros no exterior continua sendo obrigatório. Quem não vota fica irregular com a justiça eleitoral, o que pode afetar procedimentos fundamentais para quem vive fora, como a renovação do passaporte.
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