Irã acelera enriquecimento de urânio em resposta à condenação da AIEA
Em plena crise política, após dois meses de manifestações e uma repressão cada vez mais dura, principalmente no Curdistão, Teerã decidiu acelerar seu programa nuclear, de acordo com a agência de notícias iraniana Isna nesta terça-feira (22). Pela primeira vez, o país passou a enriquecer o produto a 60% na usina de Fordo. A decisão é uma resposta à recente resolução da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenando o Irã e exigindo maior cooperação.
O Irã aumentou o nível de enriquecimento de urânio de 20% a 60% na usina nuclear de Fordo. O índice supera a taxa de 3,67% fixada pelo acordo internacional sobre seu programa nuclear, assinado em 2015.
Situada a 180 quilômetros ao sul de Teerã, em uma área montanhosa, as instalações subterrâneas da central não podem ser destruídas por bombardeios.
O Irã já faz enriquecimento de urânio a 60% em Natanz, a principal usina do país, e em outras centrais.
Domingo (20), o país anunciou ter tomado medidas de retaliação contra a AIEA, após uma resolução do órgão que criticou a falta de cooperação de Teerã. O texto foi apresentado pelos Estados Unidos e três países europeus: Reino Unido, França e Alemanha.
Novas centrífugas
Além disso, duas novas centrifugas IR-2 e IR-4 vão começar a funcionar dentro de alguns dias em Natanz. As antigas centrífugas de Fordo e Natanz serão progressivamente substituídas por outras mais rábidas e modernas, de acordo com a Isna.
Segundo o chefe da AIEA, o Irã possui uma quantidade urânio enriquecido suficiente para fabricar várias bombas. Com a aceleração do enriquecimento, a capacidade do país vai aumentar ainda mais.
O pacto concluído entre o Irã e os países ocidentais em 2015 tem o objetivo de impedir Teerã de produzir armas nucleares. Mas depois da saída dos Estados Unidos do acordo, em 2018, e do restabelecimento das sanções americanas contra economia iraniana, Teerã progressivamente se eximiu de cumprir as obrigações.
Em abril de 2021, o governo iraniano anunciou ter começado a produzir urânio enriquecido a 60% em Natanz, se aproximando dos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica.
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