Mulher brasileira agredida por policiais em Milão abre processo por tortura e lesão corporal
Uma mulher brasileira brutalmente espancada pela polícia de Milão na semana passada em um ataque registrado em um vídeo que se tornou viral está processando a polícia por tortura e lesão corporal. A informação foi divulgada por sua advogada nesta terça-feira (30).
Daniele Vincini, chefe do sindicato policial SULPL, disse ao jornal Corriere della Sera que os policiais não espancaram a mulher para machucá-la. Os espancamentos eram "para dominá-la", disse ele, alegando que ela cuspia sangue em seus rostos e "eles faziam o que podiam".
No vídeo, três policiais - dois homens e uma mulher - podem ser vistos rodeando a mulher, atingindo-a na cabeça e nas costelas com seus cassetetes e borrifando spray de pimenta no rosto da brasileira enquanto ela se senta na rua, com as mãos para o ar. A mulher foi então forçada ao chão, algemada e retirada do local.
A advogada Debora Piazza disse à AFP que sua cliente, conhecida apenas pelo pseudônimo de Bruna, ferida, ficou trancada em uma viatura por 20 minutos. "Nesse momento, ela teve dificuldade para respirar e pensou que estava morrendo", disse a advogada.
A mulher está processando a polícia por tortura e danos corporais agravados por abuso de cargo público e discriminação, informou Piazza.
Uma promotora de Milão confirmou à AFP que estava investigando as acusações de brutalidade policial contra "uma mulher transgênero brasileira de 41 anos".
Piazza disse que sua cliente "não estava nada bem, especialmente do ponto de vista psicológico" após o ataque.
Prefeito anunciou medidas disciplinares
O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, já havia confirmado que os policiais enfrentariam medidas disciplinares pelo incidente na quinta-feira passada, enquanto os promotores abriram uma investigação.
Sala repetiu nesta terça-feira que os policiais seriam disciplinados, mas alertou contra o risco de "crucificar a polícia".
Esse tipo de brutalidade policial é rara na Itália e o incidente ganhou as manchetes da mídia por vários dias.
No sábado (27), houve uma manifestação em Milão em solidariedade a Bruna, como informa o jornal La Reppublica.
"Eu me senti como se fosse tratada como um cachorro", disse a própria Bruna ao jornal Corriere della Sera após o ataque.
"Eu levantei minhas mãos, pedi para eles não me baterem. Eu estava com tanto medo", disse ela.
(Com informações da AFP)
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