Egito revoga licença de empresas turísticas após mortes de peregrinos em Meca
As autoridades egípcias ordenaram neste sábado (22) a revogação das licenças de funcionamento de 16 empresas turísticas e a investigação de seus proprietários por "fraude". Elas são acusadas de terem enviado peregrinos ilegalmente para Meca, na Arábia Saudita, para participar do hajj.
O primeiro-ministro egípcio, Moustafa Madbouli, "ordenou a retirada das licenças destas empresas, a denúncia de seus gestores ao Ministério Público e a aplicação de uma multa em benefício das famílias dos peregrinos que morreram por causa delas", indicou o seu gabinete, em um comunicado.
A decisão acontece após a morte de centenas de pessoas durante a grande peregrinação muçulmana realizada na Arábia Saudita sob um calor escaldante de 50 graus Celcius, mais da metade das quais não tinham autorização para participar da celebração anual.
Este ano, o calor intenso na Arábia Saudita durante o hajj deixou um custo pesado em vidas humanas. Um balanço feito pela AFP na sexta-feira (21), com base em declarações oficiais e informações fornecidas por diplomatas, estima o número de mortos em mais de 1.100, mais de metade deles eram do Egito.
O governo saudita não confirma nenhuma morte ligada às altas temperaturas. Na sexta-feira, um alto funcionário defendeu a forma como o reino lidou com a peregrinação do hajj, que terminou oficialmente na quarta-feira. "O Estado não falhou, mas houve um erro de julgamento por parte das pessoas que não mediram os riscos incorridos", disse este responsável à AFP. "Isso aconteceu em um cenário de condições climáticas difíceis e temperaturas muito severas", acrescentou a mesma fonte.
Peregrinação paralela
O hajj é um dos cinco pilares do Islã e todo muçulmano que tem condições financeiras deve fazê-lo pelo menos uma vez na vida. As licenças para participar do evento são atribuídas aos países, de acordo com um sistema de quotas.
Porém, os altos custos do hajj tornam a rota irregular mais atrativa. Todos os anos, dezenas de milhares de fiéis tentam participar da peregrinação sem possuir as licenças necessárias, pagas e concedidas de acordo com essas quotas e que dão acesso a instalações climatizadas. Dezenas de milhares de peregrinos tentam entrar através de meios impróprios porque não podem pagar as autorizações oficiais, muitas vezes caras.
No início de junho, a Arábia Saudita anunciou que tinha expulsado mais de 300.000 peregrinos não registados de Meca, incluindo 153.998 estrangeiros que entraram no reino com vistos de turista. Um grande número de peregrinos não autorizados conseguiu participar dos rituais que ocorreram durante vários dias, em condições particularmente difíceis.
"Podemos estimar o número de peregrinos não registrados em cerca de 400 mil", disse a autoridade saudita, na sexta-feira. "A maioria é da mesma nacionalidade", acrescentou o responsável, provavelmente referindo-se ao Egito. Diplomatas árabes disseram à AFP no início desta semana que o Egito registrou 658 mortes, entre elas 630 eram de peregrinos não registrados.
(Com AFP)
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