Conteúdo publicado há 3 meses

Justiça proíbe Fernández de deixar o país após acusação de violência doméstica

A ex-primeira dama da Argentina, Fabiola Yañez, disse que o ex-presidente Alberto Fernández batia nela e que a assedia diariamente. A Justiça proibiu o político de deixar o país e vai abrir um processo penal para investigar "golpes e ameaças".

A ex-primeira dama, Fabiola Yañez, denunciou o ex-presidente Alberto Fernández por violência física e por "terrorismo psicológico", com assédio diário por meio de mensagens e de chamadas telefônicas.

A Justiça ordenou que o ex-presidente pare com as ações de perturbação e de intimidação, proibindo-o de se aproximar da sua ex-mulher a menos de 500 metros.

Na ordem, o juiz Julián Ercolini proíbe Alberto Fernández de "qualquer tipo de contato físico, telefônico, por correio eletrônico, por sistema de mensagens de texto e voz, através de qualquer plataforma, por via de terceiras pessoas ou por qualquer outro meio que signifique intromissão injustificada".

A forma como a Justiça descobriu que a ex-primeira dama podia ser vítima de violência física foi casual. Alberto Fernández é investigado em outro processo no qual foi indiciado por supostamente fazer parte de negócios ilegais por meio de seguros a ministérios e organismos públicos.

No celular da então secretária de Alberto Fernández apareceram conversas por WhatsApp com Fabiola Yañez, nas quais a então primeira dama contava à secretária como o presidente batia nela.

Os relatos tinham áudios, fotos e vídeos com o resultado das agressões.

Denúncia veio após divulgação

No dia 1º de julho, Fabiola Yañez disse à Justiça que, naquele momento, não pretendia denunciar Alberto Fernández, de quem se separou meses atrás, depois que terminasse o mandato presidencial (2019-2023). Porém, tudo mudou nas últimas horas, quando as supostas agressões físicas vieram a público. Yañez decidiu avançar com a denúncia formal.

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"Não aguento mais. Quero fazer a denúncia", disse Fabiola Yañez ao juiz.

"Acabo de fazer a denúncia. Não aguentava mais", disse ao seu advogado.

Por telefone, Fabiola Yañez contou os detalhes ao juiz, que decidiu reforçar a segurança da ex-primeira dama e proibiu Alberto Fernández de sair do país. O ex-presidente será agora investigado penalmente por "golpes e ameaças".

"O suposto agressor entrava em contato por meio de mensagens telefônicas, amedrontando-a psicologicamente", descreve o juiz na resolução.

Fernández nega

Na noite de terça-feira (06), Alberto Fernández divulgou uma nota na qual afirma que "é falso e que jamais aconteceu o que lhe atribuem". Disse que "não fará declarações à imprensa" e que "vai levar provas e testemunhas à Justiça".

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O ex-presidente fez da igualdade de gênero uma bandeira política, enquanto, na residência presidencial, segundo a sua esposa, aplicava a mesma violência que dizia combater publicamente.

Após deixar a presidência em dezembro, o casal e o filho de três anos foram morar em Madri, na Espanha, onde a separação foi concretizada. Alberto Fernández regressou à Argentina, viajando regularmente para visitar o filho.

Durante o seu mandato, Alberto Fernández legalizou o aborto, criou o Ministério da Mulher, da Igualdade e da Diversidade e promoveu políticas públicas contra a violência machista e contra o maltrato psicológico.

Em setembro de 2020, por exemplo, durante o lançamento do Programa Acompanhar, ele defendeu a iniciativa como "o primeiro programa de apoio econômico e psicológico às mulheres em situação de violência de gênero".

"Ninguém tolera que uma mulher sofra violência, infâmia, difamação e maltrato psicológico pelo simples fato de ser mulher", disse.

Em 2018, um ano antes de ganhar as eleições, Alberto Fernández foi filmado agredindo um homem em um restaurante.

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