'Situação inédita': premiê alerta que chuvas 'devastadoras' ainda podem fazer mais mortes

Ao menos 72 pessoas morreram nas inundações provocadas pelas chuvas torrenciais que atingem a região de Valência, no sudeste da Espanha. As imagens de torrentes de água invadindo as ruas, arrastando pessoas e carros são impactantes. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, manifestou o apoio total do Estado aos atingidos, mas alertou que este episódio "devastador" pode não ter terminado.

Em um curto discurso transmitido pela televisão nesta quarta-feira (30), gravado na sede do governo, em Madri, Sánchez pediu aos residentes da região que permaneçam vigilantes diante das inundações excepcionais.

O premiê, que retornou de uma viagem à Índia, presidirá uma reunião do comitê de crise para monitorar a situação.

"Estou acompanhando de perto e com preocupação as informações sobre as pessoas desaparecidas e os danos causados" pela tempestade, escreveu Sánchez na rede social X, instando a população a seguir as recomendações das autoridades.

Os serviços de emergência de Valência informaram na rede social X que "o processo de identificação das vítimas está começando". O primeiro balanço realizado pelos diversos órgãos e as forças de segurança envolvidos nas operações de emergência apontava um número provisório de 51 vítimas fatais, mas logo a lista aumentou.

Chuvas torrenciais e fortes ventos atingem o sul e leste da Espanha desde o início da semana, provocando inundações em Valência e na região da Andaluzia. Algumas áreas da comunidade administrativa valenciana, que reúne as cidades de Valência, Alicante e Castellón, permaneciam sem serviço de telefonia e energia elétrica nesta quarta-feira.

Alguns pontos da região estavam inacessíveis, devido ao alagamento das estradas, relatou o presidente regional, Carlos Mazón. Os sistemas de transporte ferroviário e aéreo também foram gravemente afetados.

"Reiteramos a importância de não fazer deslocamentos por estrada nas províncias afetas na região de Valência", insistiu Mazón nesta quarta-feira.

Há dezenas desaparecidos, segundo o jornal El País, que também cita 150 mil pessoas sem energia elétrica. Alguns povoados permanecem isolados e moradores enviam pedidos de socorro pelas redes sociais. Muitos habitantes de zonas inundadas estão presos no segundo andar de suas casas, já que a parte inferior continua repleta de água.

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"Desolados"

O Congresso espanhol respeitou um minuto de silêncio nesta quarta-feira em homenagem às vítimas.

"Desolados com as últimas notícias (...) Nossos mais sinceros pêsames aos parentes e amigos dos mais de 50 mortos. Força, ânimo e todo o apoio necessário para todos os afetados", afirmou o rei Felipe 6° e sua família, em uma mensagem publicada no perfil da Casa Real na rede social X.

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem de solidariedade ao rei da Espanha.

Em algumas áreas, a quantidade de chuva que caiu em um dia foi equivalente ao que está previsto para um mês, segundo a imprensa local.

"Estamos diante de uma situação inédita, da qual ninguém tem recordação", disse o chefe do governo de Valência.

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Com mais de 60 mortos, este é o fenômeno meteorológico com o maior número de vítimas na Espanha desde agosto de 1996, quando torrentes de água, lama e pedras, provocadas por chuvas torrenciais, destruíram o camping "Las Nieves", na localidade de Biescas (província de Huesca), e deixaram 86 mortos.

No continente europeu, este é o episódio com mais vítimas fatais desde julho de 2021, quando as inundações na Alemanha e na Bélgica provocaram mais de 200 mortes e danos avaliados em bilhões de euros.

RFI e AFP

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