Presidente do México fala em cooperação com os EUA, mas defende soberania
Diante da presença de cerca de 350 mil apoiadores, governadores, deputados e senadores, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, fez um discurso de cerca de quarenta minutos neste domingo na Cidade do México e reiterou a colaboração com os Estados Unidos.
A chefe de Estado defendeu a soberania mexicana, "sem submissão", e discursou aos gritos de "no está sola" (não está sozinha).
Após ameaçar impor novas tarifas alfandegárias para o México, Donald Trump, anunciou na quinta-feira um adiamento até 2 de abril da aplicação de tarifas de 25% sobre produtos mexicanos. A decisão foi anunciada após uma conversa telefônica entre os dois chefes de Estado.
Estamos aqui para comemorar porque o diálogo e o respeito prevaleceram nas nossas relações com os Estados Unidos. E essa é uma vitória de todos. Somos nações em condições iguais, não somos mais nem menos e sempre vamos colocar o respeito ao nosso povo e à nossa nação acima de tudo Claudia Sheinbaum
A presidente fez uma retrospectiva das relações entre os países e das ameaças tarifárias e mencionou as reuniões feitas com Trump nos últimos meses. "Não vamos deixar que o nosso povo seja afetado por decisões estrangeiras. Temos planos e estratégias e sempre vamos agir com a cabeça fria e com muito amor pelo México", acrescentou.
Trump deve anunciar em 2 de abril tarifas recíprocas para todos os países com quem os EUA têm relações comerciais. A presidente mexicana, que mantém o otimismo, lembrou que México e os EUA têm acordos que preveem a não aplicação de tarifas recíprocas. Entre eles está o "T-MEC", o acordo de livre-comércio entre México, Estados Unidos e Canadá. Ela espera que por esse motivo o México continue de fora das decisões de Trump.
"Nossos povos contribuem culturalmente e comercialmente nos dois lados da fronteira. Temos famílias dos dois lados e a história comum dos nossos países está marcada por vários episódios de hostilidade, mas também por vários episódios de cooperação. Por isso nossa relação deve ser boa", relembrou Claudia Sheinbaum.
Tráfico de drogas e armas
Ela afirmou também que, além das tarifas, outra pauta importante das relações bilaterais entre México e Estados Unidos é o tráfico de armas. A presidente tem pedido a Trump que os Estados Unidos trabalhem para evitar a chegada de armas aos grupos de cartéis de narcotráfico.
"Não temos intenção de prejudicar vocês e queremos colaborar em todos os âmbitos, principalmente com relação às drogas sintéticas", disse a presidente. Ela citou dados do serviço de aduanas e proteção fronteiriça dos Estados Unidos que mostram uma redução de 41,5% na apreensão de fentanil na fronteira entre os dois países, entre janeiro e fevereiro. Sheinbaum elogiou o trabalho que vem sendo feito pela Secretaria de Segurança e o Exército mexicano.
Claudia Sheinbaum falou também sobre imigração e lembrou que muitos mexicanos contribuem para a economia dos Estados Unidos. Ela encerrou dizendo que ambos os países precisam "trabalhar em cooperação, sem confronto, dizendo que o México é um país, livre, soberano, independente e democrático".
A presidente mexicana tem sido muito elogiada pela comunidade internacional pela sua postura firme, mas, ao mesmo tempo, moderada nas negociações com Trump. Claudia Sheinbaum tinha 80% de aprovação nos primeiros cem dias de governo. Na última semana, uma pesquisa mostra que esse índice subiu para 85% em cinco meses de governo. Essa é a mais alta popularidade de um governante mexicano nos últimos trinta anos.
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