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Amaury Ribeiro Jr

REPORTAGEM

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Foragido, acusado de feminicídio é procurado pela polícia da Bahia

Selma Regina Vieira, Eden Marcio Lima de Almeida e Anna Carolina Lacerda. Segundo investigações, Selma era induzida pelo marido a conviver em relacionamento com a a amante dele - Reprodução/redes sociais
Selma Regina Vieira, Eden Marcio Lima de Almeida e Anna Carolina Lacerda. Segundo investigações, Selma era induzida pelo marido a conviver em relacionamento com a a amante dele Imagem: Reprodução/redes sociais

05/02/2021 04h00

O Departamento de Homicídios e Proteção Humana (DHPP) da Bahia está à procura do tabelião Eden Machado Marcio de Lima Almeida, 43 anos, e da sua amante, a estudante Anna Carolina Lacerda, 22 anos. Eles tiveram a prisão decretada na semana passada pela juíza do 2º Tribunal do Júri de Salvador (BA) Andrea Sarmento Neto, sob a acusação de serem os autores do assassinato da bancária Selma Vieira, que era mulher de Eden.

Segundo revelou o UOL no dia 7 de janeiro, a morte da bancária, ocorrida no dia 15 de abril de 2019, era citada pelo movimento feminista da Bahia como exemplo tanto de morosidade da polícia quanto da impunidade em casos de feminicídio.

"Pelo que eu sei, o DHPP está fazendo uma varredura nas fazendas dele [Eden] e imóveis no interior. Estamos atentos a eventual demora", disse ao UOL o promotor de Justiça Davi Gallo, que solicitou à Justiça a prisão preventiva de Eden e Anna Carolina.

Gallo lembra que Eden é dono de cartório e presidia uma associação da categoria até o dia do assassinato. Para o promotor, há indícios da influência de Eden em diversos órgãos públicos da Bahia. Segundo Gallo, na segunda-feira (1º) os advogados dos dois suspeitos telefonaram para o DHPP dizendo que os clientes iriam se entregar, o que acabou não acontecendo.

O UOL não conseguiu contato com os advogados de Eden e de Anna Carolina. Em defesa apresentada à Justiça, eles negaram a participação de seus clientes no crime.

Crime ocorreu em triângulo amoroso, diz MP

Gallo escreveu na denúncia, encaminhada ao Judiciário, que Selma vivia um triângulo amoroso com o marido e com Anna Carolina. "Ela só aceitava a situação porque era submissa ao marido", disse ao UOL Maristela Vieira, prima de Selma.

A parente da vítima afirmou ainda que a família está apreensiva à espera da prisão dos dois suspeitos. "Primeiro era a polícia, que tentou livrá-los do crime. Depois, a morosidade da Justiça. E agora a polícia novamente que não consegue prendê-los", reclamou Maristela.

Segundo a denúncia do MP, a bancária foi espancada em abril de 2019 pelos dois suspeitos em um apartamento de luxo do casal em Salvador. De acordo com a denúncia, no dia do crime a vítima e os dois suspeitos teriam ido a uma festa onde consumiram bebidas e drogas. Ao retornar ao apartamento do casal, após uma discussão, Selma teria sido atingida pelos suspeitos na cabeça e em outras partes do corpo.

Mesmo ferida, a bancária teria conseguido sair com o carro. Pelo celular, foi orientada por familiares a estacionar em um posto de gasolina. Após uma solicitação dos frentistas, Selma foi socorrida por uma ambulância e encaminhada ao hospital, onde morreu de traumatismo craniano.