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Amaury Ribeiro Jr

REPORTAGEM

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Casa dos Anjos: Justiça aceita denúncia contra esportista e oito réus

Atleta e influenciador Rodrigo Fiúza foi indiciado por exploração sexual de crianças e adolescentes - Reprodução/Redes Sociais
Atleta e influenciador Rodrigo Fiúza foi indiciado por exploração sexual de crianças e adolescentes Imagem: Reprodução/Redes Sociais

06/02/2021 04h00

A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia apresentada no dia 26 de dezembro do ano passado pelo Ministério Público de Belo Horizonte contra o esportista e influenciador digital Rodrigo Fíúza, 37 anos, e mais outros acusados de exploração sexual de crianças e adolescentes, de 13 a 16 anos, em uma casa no Bairro Pampulha em Belo Horizonte.

A informação foi confirmada ao UOL pela assessoria de imprensa do Ministério Público no final da tarde de ontem. Segundo a assessoria, os réus passam a responder na Justiça pelos crimes de organização criminosas, estupro de vulnerável (quando a vítima te menos de 14 anos) e incitação à prostituição infantil. A assessoria disse que os crimes variam de réu para réu de acordo com a participação de cada um na suposta organização criminosa.

A denúncia foi oferecida pela 26ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte, que atua em crime praticados contra crianças e adolescentes.

Além de Fíuza, dois acusados estão presos: o engenheiro mecânico Leonardo Rodrigues Zambrana e Loraine Stefane. Outro réu, Risk Sampaio, chegou a ser preso, mas foi solto por determinação da Justiça. Ele responde ao processo em liberdade. O UOL não teve acesso ao nome dos demais.

Procurado pelo UOL, o advogado de Zambrana, Rodrigo Susane, não se manifestou sobre a decisão da Justiça. A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Fiúza e Lorraine.

Menores eram exploradas e fotografadas, segundo investigação

Chamada de "Casa dos Anjos", o endereço da Pampulha onde as meninas eram exploradas, é apontada pela polícia e pelo Ministério Público como central do suposto esquema de exploração sexual. De acordo com as investigações, durante a pandemia do novo coronavírus, Rodrigo alugou a casa na Rua Xangrilá. Nesse local, meninas de 13 a 16 anos teriam sido drogadas e aliciadas para fazer sexo com empresários e outros moradores da cidade.

Segundo as investigações, as vítimas eram fotografadas nuas e o material pornográfico, explorado em sites na internet. O fotógrafo que registrava essas cenas, cujo nome está sendo mantido em sigilo, está entre os réus.

Uma das fotos foi acionada pela mãe de uma das vítimas, uma menina de 13 anos, que acessou à polícia. "Minha filha até hoje está assustada. A Justiça começou a ser feita. Mas continuaremos a luta contra qualquer tipo violência contra a mulher", disse a mãe, que acaba de fundar um movimento ativista chamado "Tinha de ser Mulher".

Pelo menos outras 13 adolescentes teriam tido relações em troca de dinheiro ou viagens oferecidas pela agência de Rodrigo, segundo as investigações.

Influenciador, palestrante e político

Fiuza, que foi escolhido para representar o país na Olimpíada de Esportes Radicais no México no ano de 2000, tornou-se uma celebridade ao aparecer em revistas sociais e de esportes e ao proferir palestras com o tema "Gestão dos Sonhos".

Com mais de 90 mil seguidores no Instagram, Fiuza fundou sua própria agência de turismo, especializada em esportes, que tem o nome fantasia de "Loucos por Aventura".

Nesse ano, se candidatou a vereador em Belo Horizonte pelo PSB e teve 63 votos. Após sua participação no esquema ter sido revelado pelo UOL, o PSB suspendeu sua filiação. O partido se reúne na segunda-feira (8) para decidir sobre a expulsão do atleta.