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Rubens Valente

"Quero apenas uma superintendência, a do Rio", teria dito Bolsonaro a Moro

Presidente Jair Bolsonaro e ex-ministro da Justiça Sergio Moro - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro e ex-ministro da Justiça Sergio Moro Imagem: ADRIANO MACHADO

Colunista do UOL

05/05/2020 16h53

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro declarou no sábado (2) que o presidente Jair Bolsonaro o pressionou em março de 2020 a trocar o superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, o delegado Carlos Henrique Oliveira de Sousa, que estava no cargo desde novembro de 2019.

Segundo Moro, o presidente teria dito "mais ou menos" o seguinte, em uma mensagem por telefone: "Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro".

Moro disse que estava em Washington (EUA) em uma missão oficial com Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF, quando Bolsonaro o procurou por uma mensagem de aplicativo WhatsApp. Não fica claro, no depoimento, se Moro tem cópia da mensagem.

Segundo Moro, Bolsonaro não explicou os motivos da substituição.

"[Moro] esclarece que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos superintendentes; essa escolha cabia, exclusivamente, à Direção Geral da Polícia Federal; nem mesmo indicou o Superintendente da Polícia Federal do Paraná; os motivos para essa solicitação entende que devem ser indagados ao Presidente da República", disse Moro, segundo o termo de depoimento que prestou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

O ex-ministro disse que chegou a conversar sobre a troca com Valeixo, e ambos chegaram a cogitar a exoneração do delegado do Rio "para evitar uma crise", mas depois Valeixo "afirmou que não poderia ficar no cargo se houvesse uma nova substituição sem causa do SR/RJ por um nome indicado pelo Presidente da República". Valeixo teria dito ainda que "estava cansado da pressão para a sua substituição e para a troca do SR/RJ". O delegado foi mantido na superintendência.

No depoimento Moro ainda abordou a desautorização de Bolsonaro após Moro nomear uma conselheira, o processo de "fritura" do último diretor-geral da PF, Maurício Valeixo e o episódio do porteiro de seu condomínio na investigação da morte da vereadora Marielle Franco, entre outros temas.