Topo

Prefeito do Rio descarta explosão de gás no desabamento de prédios; Crea diz que hipótese é remota

PARTICIPE: ENVIE FOTOS E VÍDEOS PARA A REDAÇÃO DO UOL - Ricardo Cassiano/UOL
PARTICIPE: ENVIE FOTOS E VÍDEOS PARA A REDAÇÃO DO UOL Imagem: Ricardo Cassiano/UOL

Do UOL*, em São Paulo

26/01/2012 08h02Atualizada em 26/01/2012 12h06

Eu tive sorte, parecia o 11 de Setembro. Parecia que estavam jogando entulho de cima do telhado. Eu vi uma laje caindo e saí correndo. Se ficasse, ia cair em mim

Vicente Cruz, entregador de água, que estava em um dos prédios que desabou

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), afirmou na manhã desta quinta-feira (26) em entrevista à Globo News que a hipótese de que uma explosão de gás teria provocado o desabamento de três prédios no centro da cidade já foi descartada e que, no momento, a investigação aponta para um problema estrutural no edifício maior. 

Ontem, por volta das 20h30, três prédios vieram abaixo, deixando mortos e feridos: um maior, na rua Treze de Maio (chamado Liberdade), que tinha 20 andares; um menor, no número 16 da rua Manoel de Carvalho, com 10 andares (chamado Colombo); e ainda um imóvel pequeno, localizado entre os dois edifícios maiores, com quatro ou cinco andares.

O presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), Luiz Antonio Cosenza, também não acredita que tenha ocorrido explosão de gás, como ocorreu em outubro passado na cidade, quando um restaurante explodiu em um prédio na praça Tiradentes, mas preferiu ser mais cauteloso: “Eu não descarto nenhuma possibilidade nesse momento, por mais que a amostra de material não seja típica de uma explosão.

Os fiscais do Crea conversaram ontem com o pessoal que trabalha no prédio e disseram que tinha um forte cheiro de gás no subsolo. A gente não pode afirmar o que foi nem o que não foi. Todas as possibilidades estão abertas, até um problema estrutural numa das obras. Ainda é muito cedo para afirmar o que houve”, ressaltou.

“O prédio [maior] é relativamente sólido, antigo, da década de 60. Os prédios antigos do centro tem uma boa estrutura, foi uma surpresa para a gente. Vamos procurar saber quem é o proprietário e se as obras tem um engenheiro responsável, que vamos convocar para depor e saber que tipo de obra ele estava fazendo. Os síndicos devem comunicar ao Crea e saber se as obras eram legalizadas. A obra era feita de noite, ninguém sabe que tipo de obra era", afirmou Cosenza.

O presidente do Crea confirmou que estavam sendo realizadas obras no terceiro e no nono andar do edifício Liberdade, na avenida Treze de Maio. Já o engenheiro civil Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, consultor do Crea, afirmou que as obras eram ilegais, pois não tinham autorização do conselho.  

Araújo também descartou a explosão de gás como causa do desabamento e apontou três possíveis motivos para a tragédia: "O primeiro e mais provável é que a obra tenha provocado uma alteração estrutural com a retirada, por exemplo, de uma viga. A segunda hipótese seria a corrosão ou infiltração da laje da cobertura. A terceira seria o excesso de peso do material de construção utilizado na obra", afirmou. 

A Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG) divulgou nota informando que não fornecia gás para nenhum dos três prédios que desabaram. A concessionária informou ainda que não houve pedido de vistoria para esses prédios.

A CEG também comunicou que, por medida de segurança, permanece interrompido o fornecimento de gás para as ruas localizadas no entorno dos prédios que desabaram. A solicitação para a interrupção do fornecimento foi feita pela Defesa Civil e pela prefeitura do Rio.

Área isolada

Os prédios do quarteirão compreendido entre as avenidas Treze de Maio e Almirante Barroso, a rua Senador Dantas e a travessa dos Poetas de Calçada, no centro do Rio, foram interditados na manhã de hoje (26) pela Defesa Civil. Todas as pessoas que estavam nesses edifícios estão sendo retiradas. 

O comércio da região afetada está fechado, e a orientação da Prefeitura do Rio de Janeiro é para que as pessoas não se dirijam até a área isolada, mas as ruas do entorno estão repletas de pessoas que trabalham nesses locais e chegaram a entrar em suas lojas e salas comerciais.

A Prefeitura confirmou que os prédios ao lado dos que desabaram não ficaram comprometidos, mas a área de isolamento foi ampliada por conta de uma suspeita de vazamento de gás. A rede de gás da região foi desligada e bueiros próximos foram interditados.  

  • Veja como era e como ficou região onde prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro

Para que as equipes possam trabalhar ao longo de toda esta quinta-feira na região do desabamento de três prédios no centro do Rio, a CET-Rio preparou um esquema especial para a área (confira aqui).

As avenidas Treze de Maio e a Almirante Barroso (trecho entre a rua Senador Dantas e a avenida Rio Branco) ficarão totalmente interditadas para o tráfego de veículos. Já a rua Senador Dantas sofrerá interdição de mão. Os veículos procedentes da avenida República do Chile deverão entrar na via, acessando na sequência a rua Evaristo da Veiga.  

Por volta das 4h45 da madrugada desta quinta-feira (26), o Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que o tráfego na avenida Rio Branco e na rua Evaristo da Veiga, nas proximidades dos desabamentos, foi liberado.

A concessionária Metrô Rio informou que as estações Presidente Vargas, Uruguaiana, Carioca e Cinelândia, que estão muito próximas ao local do acidente e chegaram a ser fechadas, abrirão normalmente na manhã desta quinta-feira. De acordo com o presidente do Metrô, nenhuma das estações localizadas naquele trecho da cidade sofreu qualquer tipo de abalo estrutural.

Veja o local onde desabaram os prédios no centro do Rio

* Com informações de Rodrigo Teixeira, Hanrrikson de Andrade e Agência Brasil.