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"Pagamos o preço do nosso sucesso", diz secretário sobre falhas na CPTM

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

29/03/2012 18h47

O secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Jurandir Fernandes, afirmou nesta quinta-feira (29) que o aumento de falhas na CPTM (Companhia Paulista dos Trens Metropolitanos) é resultado do "sucesso" da administração tucana no Estado.

Segundo Fernandes, as falhas da CPTM se avolumaram após a ampliação da linha-4 amarela até a estação Luz do Metrô, em outubro de 2011, o que provocou uma elevação inesperada no número de passageiros novos nos trens da CPTM. "São 1,2 milhão de passageiros a mais, é um tsunami", disse. "Nós pagamos o preço do nosso sucesso", afirmou o secretário. A declaração foi feita em entrevista coletiva realizada para explicar o problema ocorrido hoje na linha-7 Rubi.

A confusão ocorreu pela manhã após uma falha registrada nos trens. O defeito no sistema de alimentação elétrica ocorreu por volta das 7h na linha 7-rubi (Luz-Jundiaí), na região da estação Luz. Com a falha, as estações da linha 7 ficaram lotadas e algumas foram fechadas. O tumulto fez com que alguns usuários forçassem a porta e invadissem a estação Francisco Morato, onde bilheterias foram incendiadas e catracas e câmeras de seguranças, quebradas. A situação se repetiu em Caieiras.

Jurandir disse que o aumento dos passageiros na CPTM após inauguração da linha-4 --batizada pelo governo de a "linha da integração" por unir várias linhas do Metrô e CPTM-- era esperado, mas a quantidade a mais de usuários surpreendeu o governo. "O atraso da inaguração na linha-5 nos prejudicou. Essa linha dividiria a demanda da linha-4. Hoje temos 7,1 milhões de passageiros no sistema --Metrô e CPTM-- contra menos de 6 milhões em outubro do ano passado", disse. Mesmo com o atraso nas obras da linha-5, o governo do Estado nunca chegou a anunciar que a linha seria inaugurada junto ou em data próxima da linha-4 para dividir a demanda de passageiros.

Problema recorrente

Segundo o governo, ocorreram 15 falhas na CPTM somente este ano, o que é, segundo Jurandir Fernandes, "estatisticamente normal". A principal causa das falhas são problemas de alimentação elétrica. De acordo com o secretário, o sistema elétrico da CPTM é "centenário" e não é adequado para suportar o aumento de trens circulando.

"O sistema está sendo totalmente recuperado. Daqui a dois anos tudo deve estar trocado". O secretário disse não considerar um erro a administração ter comprado trens novos sem um sistema moderno de alimentação elétrica.

As linhas mais críticas, segundo Fernandes, são 7, 8 e 9. A linha-9 está tendo a circulação interrompida aos domingos por conta de reformas na rede elétrica. O mesmo irá acontecer com a linha-7 a partir de julho. "Ali vai ser complicado, porque passam 35 trens de cargas todos os domingos, mas não tem jeito, temos que fechar. É até uma maneira de pressionar para que se acelere o projeto do Ferroanel" (anel ferroviário que circundará a znoa norte da capital paulista; obra com recursos do governo federal).