Maior lixão da América Latina, Gramacho será desativado dia 1º de junho
O Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, o maior lixão a céu aberto da América Latina, na Baixada Fluminense, será fechado no dia 1º de junho, anunciou nesta segunda-feira (30) o prefeito Eduardo Paes, após reunir-se com representantes dos catadores de lixo.
Programado para desativar em 5 junho deste ano, prazo final da licença concedida pela Secretaria estadual do Ambiente, o prefeito Eduardo Paes chegou a antecipar para o 23 de abril o fechamento das atividades gerando uma polêmica entre os cerca de 1.600 catadores queretiram de Gramacho seu sustento há mais de 30 anos.
A nova data foi negociada e o lixão de Gramacho, localizado em Duque de Caxias, será fechado quatro dias antes do fim da licença. Os representantes dos catadores de Gramacho entregaram, nesta tarde, a lista oficial com os 1.603 nomes de todos os catadores que terão direito a receber recursos do Fundo dos Catadores.
Segundo anunciou Eduardo Paes, o fundo, que inicialmente receberia R$1,5 milhão ao longo de 14 anos em parcelas anuais, receberá em cota única até maio o valor de R$ 23,8 milhões. Cada catador de Gramacho receberá uma única parcela de R$14.847.
“Apesar de a gente indenizar os catadores com um valor grande, a gente tem a preocupação com o que vai acontecer com eles depois. Vamos encaminhar para o mercado de trabalho e fazer com que eles saibam usar de maneira adequada a indenização. Estamos dando uma super solução para esse crime ambiental. A cidade do Rio de Janeiro vai parar de cometer esse crime ambiental às margens da Baia de Guanabara”, afirmou o prefeito.
Temor de despejo
A polêmica envolvendo o fim de Gramacho preocupava os catadores que temiam ser despejados e não terem alternativa de sustento. A insatisfação aumentou quando a promessa de criação deste fundo que seria destinado ao apoio para inclusão social e econômica dos catadores que atuam na localidade Gramacho não havia se concretizado.
Nesta semana, a Caixa Econômica Federal irá fazer um mutirão para cadastrar todos os catadores e abrir as suas contas para que possam receber os recursos do fundo que serão destinados individualmente a cada beneficiário.
Segundo o representante do Catadores de Jardim Gramacho, Tião Santos, pela primeira vez em mais de 30 anos, a categoria está recebendo uma “compensação pelo tempo de serviço prestado ao aterro de Gramacho”.
Modelo
Para Tião, o fechamento de Gramacho servirá de modelo para o encerramento de outros lixões não apenas no Rio de Janeiro como no Brasil. A política nacional de resíduos sólidos prevê, que até 2014, o país erradique todos os seus lixões.
“O que está acontecendo é inédito como o pagamento do fundo e o projeto de recuperação do bairro. Queremos erradicar os lixões, mas sem erradicar os catadores. Gramacho será um modelo de encerramento de um lixão bem sucedido. Queremos mostrar que depois de 1º de junho, existe vida e outras formas de trabalho”, afirmou.
Tião defende ainda uma profissionalização maior da coleta seletiva e da cadeia produtiva da reciclagem. “O catador não tem que trabalhar no lixão de forma desumana correndo risco de vida e de saúde. A gente vai criar um pólo de reciclagem e geração de trabalho e renda para os catadores que queiram continuar na cadeia produtiva da reciclagem”, disse o representante dos catadores.
O dia 1º de junho será marcado por homenagens e atividades no lixão de Gramacho promovidas pelas associações de catadores que passaram grande parte da sua vida no aterro.
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