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Atirador que feriu três se entrega após mais de oito horas de negociação

Do UOL, em São Paulo

18/10/2012 17h08Atualizada em 18/10/2012 19h53

Fernando Gouveia, 32, que baleou três pessoas nesta quinta-feira (18), se entregou após mais de oito horas de negociação com a polícia e membros do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais). O incidente aconteceu na rua Castro Alves, no bairro da Liberdade, zona central de São Paulo, próximo ao parque da Aclimação.

O homem, que sofre de transtornos mentais, se fechou em uma casa localizada na mesma rua após realizar os disparos, por volta das 8h30 da manhã, e se recusava a sair do local. A rendição ocorreu por volta das 17h. 

Segundo a polícia, Gouveia foi algemado e conduzido ao Hospital do Servidor Público Municipal para ser medicado. Ele tinha ferimentos na cabeça e na perna. Após passar pelo atendimento médico, ele seria encaminhado para a delegacia do 6º Departamento Policial. 

Gouveia tinha duas armas

O tenente-coronel Marcelo Pignatari, comandante do 11º batalhão da Polícia Militar, disse que Gouveia estava com duas armas, e deixou ambas dentro da casa antes de se entregar. 

Segundo o policial, as armas seriam uma pistola 9 mm e uma espingarda .12. "Vamos apurar as origens dessas armas, como ele adquiriu. Se for confirmado que uma das armas era uma 9 mm, que é de uso restrito, a posse era ilegal", disse.

O atirador foi preso em flagrante por tentativa de homicídio tripla (contra as três pessoas que baleou pela manhã) e tentativa de homicídio, por ter atirado contra policiais. 

Por ser portador de transtornos mentais, Fernando Gouveia pode ser considerado inimputável pela justiça. Dessa forma, ele não sofreria pena de privação de liberdade, ficando sujeito a medidas de segurança, informou o tenente-coronel.

Ordem de internação

Tudo começou quando uma equipe composta por um oficial de Justiça, três enfermeiros e o advogado da família de Gouveia foi até a casa onde ele se encontrava para cumprir uma ordem de internação.

Ele teria se revoltado e efetuou os disparos com uma pistola 9 mm, segundo informações da polícia. Os tiros atingiram o oficial de Justiça, um enfermeiro e uma psicóloga, que seria noiva de Gouveia.

Após os disparos, policiais do 11º Batalhão da Polícia Militar foram acionados e dirigiram-se até o local. O suspeito atirou também contra os policiais, que não foram atingidos.

As vítimas foram socorridas pela polícia e levadas ao pronto-socorro do Hospital do Servidor Público Municipal. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o estado de saúde do oficial de Justiça, de 49 anos, do enfermeiro, de 37, e da psicóloga, de 45, é estável e eles não correm risco de morte. Os três já foram transferidos a hospitais particulares.

Início da negociação 

Após o atirador se fechar na casa, policiais do Gate assumiram as negociações de rendição. Segundo a polícia, nenhum parente de Fernando Gouveia participou. 

A polícia diz que o homem manteve contato com um policial negociador por telefone. Gouveia afirmava que possuía outras armas e estava ferido na cabeça e no braço. Os ferimentos teriam sido causados em uma luta corporal com um dos enfermeiros que integravam a equipe que queria internar o rapaz.

Durante as negociações, a rua Castro Alves foi interditada na altura do número 1.000 para permitir que os policiais conduzissem as conversas com o suspeito. Moradores e comerciantes do local foram orientados a não sair na rua. 

Cerca de 20 soldados da polícia estavam no local junto com a equipe do Gate.

Negociação termina 

No momento em que se rendeu, Fernando Gouveia foi algemado pelos policiais pela parte de fora de uma porta que ele não conseguia abrir. A porta estava com o vidro quebrado por conta dos disparos efetuados por Gouveia durante a manhã.

"Quando tivemos a total segurança do Fernando [de que ele não estava armado], ele pôs as mãos para fora, e nós o algemamos", disse o comandante da operação.

"Ele mostrou que não estava armado e disse que deixou uma arma na cozinha e a outra no quarto", afirmou. "Ainda estava perturbado [no momento da prisão], percebemos isso pelo movimento de olhos."

Segundo o policial, toda a negociação foi conduzida para garantir a segurança de Gouveia e para que ele se rendesse. O tenente-coronel disse que serão apuradas as causas dos disparos efetuados por Gouveia. 

Interdição judicial

Segundo informações da Folha de S.Paulo, a mãe de Fernando Gouveia entrou com um pedido de interdição judicial após o filho, que sofre de esquizofrenia, sair de casa há cerca de dois meses.

O advogado contratado pela família de Gouveia, José Conciolito, disse que a mãe localizou o filho após algum tempo desaparecido, morando na casa de uma psicóloga. Ela teria pedido a interdição por ele não ter voltado para casa.

Ainda segundo a Folha, após ser interditado, Fernando passaria por uma avaliação e poderia ser internado em uma clínica particular em Itapira (a 164 km de São Paulo).