Topo

Músico que teria iniciado incêndio em boate de Santa Maria (RS) nega responsabilidade em tragédia

Do UOL, em São Paulo

28/01/2013 20h15

O músico que teria iniciado o incêndio na boate de Santa Maria na madrugada deste domingo (27), que deixou pelo menos 231 mortos e mais de 100 feridos, negou que tenha sido o responsável pela tragédia.

Segundo o delegado da Polícia Civil, Marcelo Arigony, o artista, cuja identidade não foi revelada, "não assumiu a culpa em suas declarações" de hoje e negou qualquer responsabilidade no acidente.

  • Santa Maria fica na região central do RS

Sobreviventes da tragédia na boate Kiss relataram que o incêndio começou quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira usou um efeito pirotécnico cujas faíscas atingiram a espuma utilizada como isolante acústico no teto do estabelecimento.

Dois músicos da banda foram detidos hoje de forma preventiva, assim como os dois donos da boate, para evitar que possam interferir nas investigações.

Além do uso de um efeito pirotécnico dentro de um local fechado, a tragédia ganhou intensidade devido ao pânico provocado pela rápida expansão da fumaça e à suposta decisão dos seguranças de fechar as portas para evitar que o público saísse sem pagar, segundo os primeiros relatos de testemunhas.

SAIBA MAIS

  • Veja lista com 231 nomes de mortos na boate

  • "Meu filho morreu, meu filho morreu!", diz mãe
    ao ver nome em lista; veja mais depoimentos

  • Incêndio em boate de Santa Maria é o terceiro mais fatal da história; relembre outros casos

  • Veja a repercussão internacional da tragédia

O chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, disse que todas essas possibilidades são matéria de investigação e afirmou ter "a absoluta certeza" que a tragédia vai ser esclarecida.

"A investigação vai passo a passo e não queremos trabalhar com prazos", ressaltou o chefe policial, que acrescentou que o rumo dos trabalhos depende da "prova pericial".

Concretamente, se referiu a comprovar se efetivamente foi o efeito pirotécnico a causa do incêndio e se o local não contava com saídas de emergência. "O que hoje pode parecer temerário amanhã pode não ser", comentou.

Prisões

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul confirmou a prisão temporária do sócio majoritário da boate Kiss, em mandado cumprido às 13h20 desta segunda-feira (28). Segundo um dos delegados do caso, Antonio Firmino Neto, Mauro Hoffmann foi apresentado por seu advogado na Delegacia Regional da cidade.

Vieira Júnior confirmou ainda que o empresário Mauro Hoffmann, um dos donos da boate que se entregou hoje, permanecerá sob detenção da mesma forma que seu sócio, Elissandro Spohr, preso esta manhã, e os dois integrantes da banda envolvidos, que não tiveram os nomes revelados.

Mais cedo, depois das 11h, a Polícia Civil havia confirmado as prisões de outro proprietário da boate e de dois músicos da banda Gurizada Fandangueira. O grupo se apresentava no local, na madrugada deste domingo, quando um incêndio tomou conta da boate e deixou mais de 230 mortos.

"Eles assumem que usaram pirotecnia no show, mas, obviamente, tentam se livrar da responsabilidade pelo caso", declarou o delegado.

Também mais cedo, o advogado do empresário Elissandro Callegaro Spohr --sócio minoritário da Kiss--, Jader Marques, confirmara a prisão do cliente, internado desde ontem (27) em um hospital de Cruz Alta (RS) para desintoxicação de fumaça inalada durante o incêndio.

De acordo com Marques, "Kiko", como Spohr é conhecido, teve de ser hospitalizado devido à inalação de fumaça e está sob custódia policial.

"Estou indo até ele, pois a informação que recebi foi a da prisão", disse. Indagado se vai recorrer da medida, o advogado resumiu: "Tenho que analisar ainda, pois o Judiciário no Estado só funciona a partir do meio dia", justificou Marques, que completou: "O Kiko está absolutamente à disposição da Justiça", resumiu.

Conforme a Polícia Civil, os dois integrantes da banda foram presos nos municípios gaúchos de Mata e São Pedro do Sul.

 

Governador pede "apuração rigorosa"

Também hoje cedo, o governador Tarso Genro (PT) disse em entrevista à rádio Gaúcha de Santa Maria que seguiria à cidade da tragédia, juntamente com o procurador-geral de Justiça do Estado, Eduardo Veiga, para acompanhar os trabalhos de investigação do Ministério Público e da Polícia Civil sobre o incêndio.

"Agora é o momento de tomarmos todas as providências para apurar responsabilidades , que têm que ser investigadas profundamente pelo MP, e, depois pelo Judiciário", disse Genro. "Disponibilizaremos [ao MP e à Polícia] todas as condições necessárias para que tenham uma apuração rigorosa", definiu o governador, que preferiu não adiantar eventuais responsabilizações. "Temos que ver se tivemos ações ou omissões que determinem isso", resumiu.

Genro disse ainda que não descarta a criação de uma força-tarefa estadual para auxiliar o município "não só a melhorar a legislação, como também para aumentar fiscalização, se for o caso", em casas noturnas. (Com agências e reportagem de Janaina Garcia)