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Vigilante depõe e associa Mizael ao assassinato de Mércia Nakashima: "Ele tinha duas armas"

Mizael Bispo é acusado pela morte da ex-namorada em 2010 - BandNews
Mizael Bispo é acusado pela morte da ex-namorada em 2010 Imagem: BandNews

Do UOL, em São Paulo

25/02/2013 13h31

Em depoimento prestado à Justiça no último dia 14, o vigilante Evandro Bezerra Silva pela primeira vez associou o policial reformado e advogado Mizael Bispo dos Santos ao assassinato da advogada Mércia Nakashima, ocorrido em maio de 2010.

Segundo reportagem do telejornal “SPTV”, da Rede Globo, Silva depôs ao juiz e ao promotor do caso em presença de seu advogado. Na ocasião, Silva disse que Mizael o teria buscado em uma festa antes do crime. “Se ele me explicasse [o motivo], não teria ido”, relatou p vigilante, que afirmou ainda ter visto o PM aposentado com duas armas: “uma pistola e um revólver”.

O depoimento do vigilante aconteceu a pouco menos de um mês do júri popular de Mizael, marcado para o próximo dia 11 em Guarulhos. O de Silva foi desmembrado para julho deste ano.

Os dois réus estão presos preventivamente e negam a autoria pelo crime. Silva está preso na penitenciária de Tremembé. Já Mizael está no presídio Romão Gomes.

Segundo o Ministério Público, Mércia foi morta por Mizael por motivo de ciúmes –uma vez que ela não queria reatar com ele. Já Silva, conforme o MP, teria ajudado o policial na fuga.

A advogada foi abordada em Guarulhos, em morta em Nazaré Paulista (64 km de São Paulo).

A reportagem tentou contato com o advogado de Mizael, Ivon Ribeiro, mas ele não foi localizado.

STF decide que julgamento será em Guarulhos

O STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou em dezembro a realização do julgamento de Mizael em Guarulhos.

O órgão negou, por unanimidade, o pedido da defesa do réu de transferir o julgamento de Guarulhos para Nazaré Paulista. Os advogados de Mizael alegraram que o forte clima de comoção popular na cidade da Grande São Paulo poderia prejudicar o acusado. O voto do ministro Ricardo Lewandowski, negando a pretensão da defesa, foi seguido pelos demais ministros da corte.

A defesa alegou desrespeito ao Código de Processo Penal, que prevê que o julgamento seja realizado no mesmo lugar em que a infração foi consumada. "Tanto a denúncia quanto o laudo cadavérico apontam que Mércia morreu por afogamento nas águas da represa da cidade de Nazaré Paulista, o que justificaria a mudança do foro", justificaram os advogados.

O ministro Lewandowski, no entanto, leu parte da denúncia que detalha as últimas horas de Mércia, que aceitou se encontrar com o ex-namorado, que estava inconformado com o fim do relacionamento. De acordo com os autos, o casal se encontrou nas proximidades do Hospital Geral de Guarulhos, quando Mizael entrou no carro de Mércia.

Os laudos apontam ainda, conforme enfatizou o ministro, que no caminho para a represa Mércia foi alvejada com disparos de arma de fogo no braço esquerdo, na mão direita e na mandíbula, tendo ainda sido violentamente agredida, o que acarretou a fratura do maxilar e mandíbula. Às margens da represa, o carro, com Mércia em seu interior, foi empurrado para que afundasse.

Em seu voto, Lewandowski ressaltou que o Código Penal não condiciona a definição da competência territorial, ainda mais num caso como este em que todas as providências foram tomadas pelas autoridades de Guarulhos, tendo em vista que no ato do registro do desaparecimento da vítima, não se sabia que a infração penal envolvia a ocultação do cadáver na represa de Nazaré Paulista.

O crime

O crime aconteceu em 23 de maio de 2010 em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo a perícia, Mércia foi atingida por um tiro no rosto, que não a matou. Em seguida, o veículo foi empurrado para dentro de uma represa, onde ela morreu afogada.

O corpo foi achado em 11 de junho no carro dela na represa de Nazaré Paulista. Em agosto, Mizael chegou a ser preso logo depois, mas foi liberado em agosto daquele ano por conta de um habeas corpus.

Mizel teria tido a ajuda do vigilante Evandro Bezerra da Silva, 40, também acusado pelo crime.

Os dois foram denunciados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, cruel e sem possibilidade de defesa da vítima). Eles negam participação no crime.

Para o Ministério Público, a advogada foi morta porque Mizael não aceitava o fim do relacionamento. Após mais de um ano foragido, Mizael se entregou em 24 de fevereiro de 2012 e está preso no presídio da Polícia Militar.