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Mãe de suspeita leva à polícia anotações com plano de morte de menino no Rio

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

01/04/2013 16h14

A mãe da manicure que confessou o assassinato do menino João Felipe Eiras Santana Bichara, 6, em Barra do Piraí, no sul do Estado do Rio de Janeiro, no último dia 25, entregou à polícia, no fim da manhã desta segunda-feira (1º), anotações da filha, Suzana do Carmo de Oliveira, 22, que apontam um passo-a-passo do crime e indicam que ela planejava pedir R$ 300 mil de resgate pelo sequestro da criança.

  • João Felipe foi dado como desaparecido após sair da escola

O garoto morreu asfixiado e foi colocado em uma mala. A suspeita do assassinato da criança é a manicure, que era amiga da família.

A dona de casa Simone de Figueiredo, 39, levou duas folhas de caderno que continham as anotações da filha para a 88ª Delegacia de Polícia, onde prestou depoimento nesta segunda. De acordo com o delegado titular do distrito, Jose Mário Salomão Omena, os relatos informam exatamente o modo como Suzana sequestrou o garoto. A mãe disse que encontrou os papéis na casa da filha, quando estava retirando seus pertences, depois que ela foi presa.

“Nas anotações, ela diz que iria ligar para o colégio, pegar a criança dizendo que se passaria pela mãe e levá-lo para o Hotel São Luiz”, contou Omena. “Na segunda folha, ela manifestou a intenção de pedir R$ 300 mil de resgate e disse que avisaria a família para não entrar em contato com a polícia. Que mataria a criança se fizessem isso”, relatou o delegado.

O dinheiro do resgate que, nos planos da manicure, seria pago pela família de João Felipe, deveria ser colocado atrás de uma igreja, às 2h30 da madrugada. A família da vítima é dona de uma imobiliária na cidade, que tem aproximadamente 95 mil habitantes.


No entanto, antes de pedir resgate aos familiares do garoto, Suzana, que conhecia a família havia três anos, teria asfixiado o menino com uma toalha molhada dentro do quarto do hotel onde se hospedou com ele. Em seguida, teria levado o corpo do garoto para a própria casa, o despido e escondido em uma mala.

Depoimentos

O depoimento do pai da vítima, Heraldo de Souza Bichara Junior, previsto para a semana passada e adiado porque ele alegou não ter condições emocionais para depor, deve acontecer na terça-feira (2), segundo o delegado Omena.

Na última quarta (27), Heraldo enviou um advogado à 88ª DP para pedir que a oitiva ocorresse esta semana. “Estabeleci que ele viesse hoje ou amanhã, mas deixei a critério dele a escolha da data. Como ele ainda não apareceu, o esperado é que o depoimento aconteça nesta terça”, afirmou o delegado por volta das 14h30 desta segunda.

O testemunho pode esclarecer algumas dúvidas da polícia. “Queremos saber se havia algum envolvimento dele com a manicure ou que tipo de relação eles tinham. E se havia algum indício de que ela poderia fazer isso”, adiantou o delegado.

A mãe do menino, Aline Santana, depôs na semana passada, mas de acordo com Omena, não acrescentou muita coisa que pudesse ser relevante para o crime em si. “A mãe contou que a manicure ligou pra ela na manhã do dia do crime pedindo que ela a acompanhasse até Volta Redonda para doar sangue, mas elas não foram”, disse o delegado. “Depois, quando o garoto ainda estava sumido, a mãe ligou para a manicure informando sobre o desaparecimento e ela apareceu na casa da vítima para confortar a família.”