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Página no Facebook defende menino suspeito de matar os pais em SP

Um dia após sua criação, mais de 4.000 usuários já curtiram a página no Facebook defende o menino - Reprodução/Facebook
Um dia após sua criação, mais de 4.000 usuários já curtiram a página no Facebook defende o menino Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

08/08/2013 15h22

A polêmica sobre a autoria da chacina que vitimou a família de um casal de policiais militares na última segunda-feira (5), motivou a criação de uma página no Facebook que contesta a versão das polícias civis e militar de que o filho dos PMs, Marcelo Eduardo Pesseghini, de 13 anos, teria matado seus pais, avó e tia-avó e cometido suicídio.

Intitulada "Não foi o Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini", a comunidade pede mais rigor nas investigações e diz acreditar na inocência do estudante.

O perfil na rede social contrapõe as versões das polícias com trechos de depoimentos de vizinhos e familiares.

A cabo Andreia Pesseghini, 36,  e o marido, o sargento da Rota Luis Marcelo Pesseghini, 40, foram encontrados mortos,  na Brasilândia, zona norte de São Paulo, ao lado do filho Marcelo. Além deles, outras duas pessoas foram encontradas mortas em uma casa no mesmo quintal: a avó e a tia-avó do menino.

Um dia após sua criação, mais de 4.000 usuários já curtiram a página. A responsável pela iniciativa prefere não se identificar.

Em uma publicação ela diz ser "uma mãe indignada com tamanho absurdo" e em outra "uma cidadã comum", sem ligações com a família das vítimas.

A mulher afirma que a revolta com a falta de esclarecimento sobre o caso a fez abrir a página.

Chefe da mãe volta atrás

Nesta quinta-feira (8), o coronel Wagner Dimas, chefe do 18º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo, onde trabalhava Andreia mudou a versão dele a respeito de possíveis denúncias que a policial teria feito contra colegas envolvidos em crimes.

Em depoimento à corregedoria da PM na tarde de ontem, ele disse que não houve nenhuma investigação no batalhão em que atua sobre esquema de roubo de caixas eletrônicos envolvendo colegas da corporação.

Dúvidas não esclarecidas 

- como os vizinhos não ouviram o barulho de tiros que mataram cinco pessoas?
- se de fato matou quatro pessoas e a si próprio, como Marcelo não tinha vestígios de pólvora nas mãos?
- como o menino teria cometido os assassinatos, ido à escola e, mesmo assim, ter cabelos nas mãos quando morreu?
- como um menino “dócil e amoroso” com os pais, segundo familiares e vizinhos, teria sido capaz de um crime tão violento?
- qual o motivo de Marcelo ter colocado um revólver calibre 32 na mochila, se a arma usada para todos os assassinatos foi uma pistola .40?
- por que o depoimento de um adolescente de 13 anos é mais relevante para a polícia formular um juízo de valor do que o de testemunhas adultas que ainda nem foram ouvidas?
- onde os pais de Marcelo guardavam as armas em casa?
- que horas e em que sequência as vítimas foram assassinadas?
- por que só a mãe do menino, a cabo Andréia, estava em posição de submissão ao ser morta?
- a cena do crime poderia ter sido forjada?

Ontem, Dimas disse em entrevista à Rádio Bandeirantes que Andreia havia denunciado colegas policiais por envolvimento com roubo a caixas eletrônicos

A fala de Dimas despertou dúvidas em relação à linha de investigação da polícia, que aponta até o momento apenas Marcelo como o possível autor dos crimes.

Em entrevistas à imprensa, familiares disseram não concordar com alguns aspectos vistos pela polícia como evidências de que o menino seria o responsável pelas mortes.

À reportagem da TV Bandeirantes, um tio do menino disse que ele era destro, diferente do que diz a polícia, que afirma ter confirmado que ele era canhoto. Marcelo foi encontrado com a arma usada nos disparos na mão esquerda.

O jornal britânico "Daily Mail" publicou nesta quinta-feira, inclusive, uma reportagem em que diz que Marcelo pode ter sido vítima de uma armação. O jornal afirma que "a polícia de São Paulo é amplamente vista como uma das mais corruptas do mundo e que nos anos recentes policiais se envolveram em vários escândalos".

A diretora do colégio Stella Rodrigues, Maristela Rodrigues, disse nesta quarta-feira (7) que o comportamento de Marcelo foi "normal" na escola na segunda de manhã, dia seguinte a ter cometido os crimes, segundo a versão da polícia. (Com Estadão Conteúdo)

Assassinatos em Brasilândia