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Após confronto no Rio, ex-ocupantes de prédio da Oi conseguem acordo

Tânia Rêgo/Agencia Brasil
Imagem: Tânia Rêgo/Agencia Brasil

Henrique Coelho

Do UOL, no Rio

14/04/2014 12h05Atualizada em 14/04/2014 20h17

Após entrarem em confronto com guardas municipais durante acampamento em frente à sede da Prefeitura do Rio, nesta segunda-feira (14), os ex-ocupantes do prédio vazio da Oi, no Engenho Novo, na zona norte da capital fluminense, estão sendo cadastrados para inserção em programas sociais da administração municipal.

Nesta manhã, centenas de pessoas fizeram uma manifestação contra a falta de moradia. Por alguns minutos, eles chegaram a ocupar uma das pistas da avenida Presidente Vargas, tumultuando o trânsito na região, e foram reprimidos por homens da Guarda Municipal. Um homem foi detido por posse de maconha. Um guarda municipal ficou ferido durante a confusão.

À tarde, líderes do movimento participaram de uma reunião com representantes da prefeitura e da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

O acordo entre as partes prevê que as pessoas que acampam em frente ao Centro Administrativo São Sebastião, sede do Executivo municipal, desde o fim de semana, sejam levados em ônibus para uma base da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. O local ainda não foi informado.

"Na tarde dessa segunda-feira, devem ser atendidas 300 pessoas. Quem não puder ser cadastrado hoje receberá senha numerada e identificada", informou a secretaria, em nota.

Até 17h desta segunda, os manifestantes permaneciam em frente à prefeitura do Rio, tanto no gramado próximo quanto na passarela do metrô da Estação Cidade Nova, bem próxima à sede do Poder Municipal.

Ex-ocupantes da favela da Telerj reclamam de truculência da PM

Tumulto

Mais cedo, os manifestantes estenderam uma grande bandeira preta na avenida Presidente Vargas e interditaram o trânsito em direção à Candelária, quando homens da Guarda Municipal munidos de cassetes e escudos intervieram, e foram recebidos a pedradas e garrafas de água pelos manifestantes.

Os guardas usaram cassetetes e houve muita confusão e correria, apesar dos organizadores pedirem a todo momento, do alto de carros de som, para que não houvesse reação, porque haviam muitas crianças e idosos presentes.

Para liberar a pista, os guardas municipais usaram bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar a multidão. Os guardas municipais fizeram uma barreira humana para impedir que a avenida Presidente Vargas fosse novamente fechada, mas como a situação acalmou, eles desfizeram o cordão de isolamento.

De acordo com Zezé, uma das líderes da ocupação do prédio da Oi, a confusão foi desnecessária.  "Quem fez isso não estava na ocupação da Telerj. Tudo que queremos é uma solução definitiva. Nada de abrigo ou qualquer coisa temporária. Temos um caderno com nomes de pessoas que precisam ser cadastradas e vamos apresentá-lo à prefeitura", disse ela.

"Jogaram gás na direção da passarela [da concessionária MetrôRio, onde mães com crianças se abrigavam da chuva], mesmo vendo um monte de bebês. Minha filha tem 1 ano e 9 meses e ficou chorando e tossindo", disse a dona de casa Ana Claudia dos Santos, de 30 anos.

Ela está no acampamento desde sexta e prefere ficar ao relento a morar de favor na casa da tia na favela do Jacarezinho, nos arredores do terreno da Oi. "Tenho quatro filhos e minha tia tem mais quatro. Não cabe todo mundo [na casa]".

Fernanda Aldir, de 34 anos, estava com um filho de 2 meses no carrinho. "Vim para cá para escapar da chuva. Não tenho onde morar, porque não consigo pagar o aluguel de R$ 450 que pagava no Jacarezinho", justificou ela.

A Prefeitura alega que não tem casas disponíveis para todos. Por outro lado, os desabrigados sustentam que só sairão da frente do prédio municipal quando surgir uma solução imediata.

Mesmo depois do enfrentamento, cerca de 300 pessoas continuam acampadas sob chuva em frente à sede da Prefeitura do Rio, à espera de uma promessa de moradia.

Uma comissão formada pelos desabrigados entrou no prédio para uma reunião com representantes da Prefeitura na tentativa de chegar a um acordo, no ínicio da tarde.

Perla Soares, outra líder do movimento, contou que haverá nova reunião, na terça (15), às 9h, também na sede da prefeitura, para que esta apresente sua contraproposta. (Com Agência Brasil e Agência Estado)