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Mulher é atingida com 70 facadas e sobrevive; ex-namorado assume o crime

Aline Guimarães levou aproximadamente 70 facadas - Reprodução/Facebook
Aline Guimarães levou aproximadamente 70 facadas Imagem: Reprodução/Facebook

Daniel Leite

Colaboração para o UOL, em Juiz de Fora (MG)

24/07/2019 18h39

A polícia civil em Taubaté (SP) deve concluir até o início da próxima semana o inquérito sobre uma tentativa de feminicídio contra a vendedora Aline Guimarães, 38, atingida por aproximadamente 70 golpes de faca. O suspeito é um ex-namorado dela, um lutador de artes marciais de 35 anos, que foi preso preventivamente e assumiu ter cometido o crime.

Ontem à noite, segundo pessoas próximas, Aline começou a se comunicar com dificuldades, no hospital. Ela permanece na UTI em estado grave, sem previsão de alta.

Segundo o delegado José Antônio de Paiva, que investiga o caso, Aline estava em casa quando, logo cedo, o ex-namorado invadiu a residência por uma janela. O agressor levou uma faca e pegou outras duas no local do crime para dar dezenas de golpes na vendedora. Pelo menos uma das facas, inclusive, chegou a quebrar.

Vizinhos chamaram a polícia. O caso foi registrado como feminicídio tentado.

O hospital não quis dar detalhes sobre o estado de saúde de Aline. Informou apenas que é grave e que ela permanece na UTI. A família está pedindo doações de sangue caso seja necessária fazer uma transfusão.

Para o delegado, o que mais chamou a atenção no depoimento foi a frieza do lutador. Alegando não concordar com o fim do namoro, ele não demonstrou arrependimento. "Não mostra arrependimento nenhum, ele é frio".

Em outras duas ocasiões, o suspeito já respondeu por lesão corporal contra Aline, foi condenado e cumpriu a pena em regime aberto, de acordo com Paiva, que afirma também haver acusação de agressões dele contra a mulher com quem se relacionou antes da vendedora.

O UOL não conseguiu contato com a defesa do lutador. Segundo a polícia, ele admitiu ter cometido o crime e alegou ciúmes e uma suposta traição por parte da ex-namorada,

"Ele estava sondando a Aline naquele dia", diz amiga

Aline trabalha em uma loja de carros importados. A vendedora tem duas irmãs e já não tinha mais o pai. A mãe morreu na semana passada.

Na noite de sábado, cerca de cinco horas antes de ser agredida, Aline foi até a casa da amiga esteticista Regina Lobo.

A amiga se assustou com o fato de o agressor saber onde ela morava. "Ele estava sondando a Aline naquele dia, porque ele não sabia onde eu morava e já tinha descoberto o carro dela aqui na frente. Daí tirou uma foto e mandou pra ela".

Quando a vendedora foi embora, com medo, as duas mantiveram contato por mensagens de whatsapp. Regina perguntou se a amiga havia chegado bem em casa. Em áudio, a vendedora respondeu que deu "uma olhada antes de entrar, não tinha nada", e que estava bem. Horas depois, o ex teria invadido a residência e cometido o crime.

Segundo Aline, a relação entre a amiga e o ex-namorado sempre foi conturbada, com muitas reclamações da parte dela por causa de agressões. "O relacionamento deles era meio fechado, ela não apresentava ele pra ninguém".

Adilson Figueira, tio da vítima, afirma que o lutador esteve em um almoço com familiares dela e foi rapidamente apresentado. Até então, os parentes não sabiam que o rapaz batia em Aline. "Absurdo isso que aconteceu. Já deveria estar preso há muito tempo."

Família está em "reflexão", diz familiar de suspeito

Contatado pelo UOL, um tio do suspeito, que pediu para não ser identificado, fez uma ligação pelo messenger para a reportagem. Ele pediu que a família não seja mais procurada e que o nome do lutador seja preservado.

"Peço encarecidamente que pare de procurar parente meu. A família está em reflexão, a gente está procurando entender o porquê disso. Nada justifica o ato dele. Ele tem que pagar por isso, ele vai pagar por isso".

Em outra parte da conversa, ele falou da vendedora. "A gente precisa entrar em oração em prol da moça, porque nenhum ser humano merece passar pela situação".