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MPF denuncia delegados que recebiam propina para proteger investigados

A denúncia é a primeira oferecida a partir das investigações realizadas na segunda fase da Operação Tergiversação - Polícia Federal
A denúncia é a primeira oferecida a partir das investigações realizadas na segunda fase da Operação Tergiversação Imagem: Polícia Federal

Do UOL, em São Paulo

18/11/2020 14h33

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou na semana passada dois delegados da Polícia Federal que recebiam propina em troca de proteção a investigados no Rio de Janeiro. São eles: Wallace Noble Santos Soares e Lorenzo Martins Pompilio da Hora.

Segundo o órgão, a denúncia é a primeira oferecida a partir de investigações da segunda fase da Operação Tergiversação, que desarticulou uma organização criminosa que mantinha um esquema de pagamento de propina por investigados em inquéritos policiais.

O grupo criminoso atuava dentro da Superintendência da PF do Rio de Janeiro. Desta forma, de acordo com o MPF, os agentes públicos envolvidos evitavam que as apurações em curso alcançassem os empresários que aceitassem pagar a propina.

"Esses agentes ainda tinham a incumbência, em alguns casos, de atuar em favor dos empresários, intercedendo junto a delegados que presidissem outras investigações que pudessem alcançá-los para novamente evitar que fossem revelados os crimes praticados pelos empresários parceiros", explicou o órgão.

Além dos delegados, o MPF denunciou outros quatro empresários que participaram do esquema, além de um colaborador. Os empresários Marcelo Freitas Lopes, Durival de Farias, Dulcinara de Farias e Victor Duque Estrada Zeitune devem responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de ativos e organização criminosa.

Esquema de propina

Na denúncia, o MPF afirma que o delegado Wallace Noble recebia pagamento de vantagens indevidas para atuar "no sentido de finalizar as investigações de um inquérito em curso na Delegacia de Polícia Federal de Volta Redonda".

Noble chegou a conseguir uma missão no município carioca para relatar o inquérito aos criminosos antes do fim das diligências. "Wallace Noble colheu depoimentos e expediu ofícios de forma direcionada a atender aos interesses dos empresários e a viabilizar o arquivamento do inquérito policial, criando uma versão que pudesse justificar as irregularidades objeto da investigação".

Ainda de acordo com o MPF, o delegado também cometeu crimes de lavagem de dinheiro vinculados ao episódio "relacionados à simulação de serviços advocatícios como forma de repassar valores de propina com aparência de licitude".

Em outro trecho da denúncia, o MPF narra crimes de corrupção em pagamentos de "mesadas" aos delegados Lorenzo Pompílio e Wallace Noble por parte do empresário Marcelo Freitas Lopes.

Para atender aos interesses do empresário, o delegado Pompílio e um colaborador ainda instauraram, de forma fraudulenta, um inquérito policial.