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Foragido, sobrinho de Castor de Andrade é procurado pela polícia por morte

Com prisão preventiva decretada por suspeita de envolvimento na morte de Fernando Iggnácio, Rogério Andrade está foragido da Justiça - Arquivo pessoal
Com prisão preventiva decretada por suspeita de envolvimento na morte de Fernando Iggnácio, Rogério Andrade está foragido da Justiça Imagem: Arquivo pessoal

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

13/03/2021 18h34

A Polícia Civil do Rio de Janeiro faz buscas hoje para localizar o paradeiro do contraventor Rogério Andrade, sobrinho do bicheiro Castor de Andrade, que está foragido da Justiça por suspeita de ordenar o assassinato de Fernando Iggnácio Miranda, morto a tiros em novembro em uma emboscada no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste carioca.

Os contraventores travavam uma sangrenta disputa pelo controle do jogo do bicho há mais de duas décadas. Rogério e outras cinco pessoas tiveram ontem a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça do Rio por envolvimento no homicídio de Fernando Iggnácio, que era genro de Castor, morto em 1997.

Investigadores estiveram hoje em uma casa de luxo de Rogério Andrade na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, mas não conseguiram localizá-lo. As buscas continuam.

A ordem de prisão foi decretada pela juíza Viviane Ramos de Faria, da 1ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, pelo crime de homicídio triplamente qualificado.

Segundo a investigação da Polícia Civil e a denúncia do MP-RJ (Ministério Público do Rio), o policial militar reformado Márcio Araújo de Souza era segurança particular de Rogério Andrade.

A mando do chefe, contratou Ygor Rodrigo Santos da Cruz, Pedro Emmanuel D'onofre Andrade Silva Cordeiro, Otto Samuel D'onofre Silva Cordeiro e o policial militar da ativa Rodrigo da Silva das Neves para cometer o crime, segundo a denúncia. Rodrigo da Silva das Neves Neves e Ygor da Cruz já haviam trabalhado como seguranças da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, da qual Rogério Andrade é patrono.

Em janeiro, o PM foi preso em uma pousada no interior da Bahia. Márcio Araújo de Souza se entregou à Polícia Civil no mês passado. Segundo um dos réus presos, os outros três acusados de praticar o homicídio fugiram para o Paraguai.

A reportagem do UOL não localizou a defesa dos acusados.

Mais de 50 mortes por território do jogo do bicho

Fernando Iggnácio Miranda mantinha uma sangrenta disputa pelo controle do jogo do bicho e de máquinas de caça-níqueis na zona oeste do Rio há mais de 20 anos com Rogério Andrade, sobrinho de Castor. A disputa teve início após a morte do contraventor em 1997. Segundo investigações da Polícia Federal, mais de 50 assassinatos até 2007 são atribuídos à guerra da contravenção.

Em 1998, o assassinato de Paulo Andrade, o Paulinho, escolhido como herdeiro do jogo do bicho, fez com que Fernando Iggnácio, seu cunhado, assumisse o lugar dele na disputa. Meses depois, a polícia identificou como autor dos disparos o ex-PM Jadir Simeone Duarte. Em depoimento, Duarte acusou Rogério de ser o mandante do crime.

O próprio Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato em 2010. Em abril daquele ano, o filho de Rogério de Andrade, com 17 anos na época, morreu em um atentado a bomba na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, quando o carro que dirigia explodiu.

Em 2007, Fernando Iggnácio foi preso pela Polícia Civil do Rio. Meses depois, Rogério Andrade foi pego pela Polícia Federal. Naquele mesmo ano, Rogério Andrade e Fernando Iggnácio foram alvo da operação Gladiador, da Polícia Federal, que investigou o esquema da dupla e a corrupção de policiais no Rio.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente da informação publicada na primeira versão desta reportagem, Rogério de Andrade foi vítima de uma tentativa de assassinato em abril de 2010. Na época, o filho dele, com 17 anos, morreu ao ser vítima de um atentado a bomba