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Homem morre por falta de oxigênio e família diz que hospital omitiu causa

Clodoaldo Santos Fonseca tinha 41 anos e deixa a mulher e um filho de três anos - Foto: Arquivo Pessoal
Clodoaldo Santos Fonseca tinha 41 anos e deixa a mulher e um filho de três anos Imagem: Foto: Arquivo Pessoal

Victoria Bechara

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/06/2021 04h01

A família de um paciente de covid-19 que morreu por falta de oxigênio afirma que o hospital omitiu a causa do óbito e que só soube da informação pela imprensa e por terceiros. Clodoaldo Santos Fonseca, de 41 anos, foi uma das três pessoas que morreram ontem, após uma falha técnica na rede de oxigênio no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) em Santo André, no ABC Paulista.

Ele estava internado no AME desde o dia 25 de maio. Clodoaldo deixa a mulher e um filho de três anos. Segundo os advogados Cláudio José Cirilo e Bruna Cristina Cirilo, a família só foi avisada sobre a morte do paciente depois de seis horas e o hospital não mencionou a falta de oxigênio.

"O comunicado do hospital foi o padrão de sempre, que houve parada respiratória, que tentaram realizar o possível, mas infelizmente ele evoluiu para óbito. A falha técnica ela [esposa] só soube por terceiros", relata José Cirilo.

Os advogados da família disseram que devem entrar com um processo contra o hospital, caso não haja nenhum amparo do estado ou do município.

"Está evidenciada a falha técnica", afirma Cirilo. "Sabemos que nenhuma vida tem um valor definido, mas ela não pode ser tirada desta forma e deixar a família desamparada. Ele tinha a oportunidade de ver o filho crescer e por um erro lamentável isso não vai poder acontecer", completa.

Fundação ABC instaura sindicância

Em nota enviada ao UOL, a Fundação ABC, organização gestora da unidade de saúde, disse que lamenta o ocorrido na AME de Santo André e que está "prestando total apoio e solidariedade às famílias, com suporte das áreas de Psicologia e Assistência Social".

"A FUABC informa que instaurou sindicância para apurar responsabilidades, verificar o que de fato ocasionou a pane na usina e, principalmente, as razões pelas quais o sistema de backup, que deveria suportar a rede de oxigênio, não funcionou corretamente", diz a nota.

A Fundação explicou que a usina de oxigênio do AME está em funcionamento há cerca de 10 dias e conta com dois sistemas de backup em caso de eventual pane. O primeiro é uma bateria de cilindros de oxigênio, que é acionada para suprir imediatamente a rede de oxigênio, o segundo backup é o próprio tanque de oxigênio da unidade.

Segundo a organização, a suspeita é de que esse segundo não funcionou corretamente. "O SAMU foi acionado, porém, infelizmente não houve tempo hábil para o atendimento e três pacientes graves vieram a óbito", diz o comunicado.