Marielle: Ex-bombeiro preso já foi condenado no caso e é amigo de Lessa

Preso hoje numa operação que investiga o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa já foi condenado no caso e descrito como braço-direito de Ronnie Lessa — apontado como autor dos disparos.

Quem é Maxwell Simões Corrêa

Foi sargento do Corpo de Bombeiros. Maxwell, conhecido como Suel, foi preso em junho de 2020 por suspeita de ter ajudado a ocultar armas de Ronnie Lessa. À época, o Ministério Público disse que ele tentou "atrapalhar de maneira deliberada a investigação" do caso.

Suel ajudou a ocultar armas de Lessa, segundo as investigações. Um dia após as prisões de Lessa e de Élcio de Queiroz, outro acusado, o ex-bombeiro ajudou a ocultar armas que estavam em um apartamento no bairro da Pechincha e em outros lugares desconhecidos.

Ele também teria cedido o veículo utilizado para guardar o arsenal, entre 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto-mar. Questionado por um repórter sobre as armas quando foi preso em 2020, ele respondeu: "Pergunta para a tua mãe. Ela deve saber".

O ex-bombeiro foi condenado em 2021 a quatro anos de prisão por obstrução de justiça. O juiz, no entanto, autorizou o cumprimento da pena em regime aberto. Ele foi expulso da corporação em 2022. Em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio ampliou a pena para 6 anos e 9 meses.

10.jun.2020 - O bombeiro Maxwell Simões Correa é conduzido por policiais após ser preso sob suspeita de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco
10.jun.2020 - O bombeiro Maxwell Simões Correa é conduzido por policiais após ser preso sob suspeita de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco Imagem: Diego Maranhão/AM Press & Images/Estadão Conteúdo

'Patrimônio incompatível'. Na época de sua primeira prisão, Maxwell recebia salário líquido de cerca de R$ 4.600 por mês, mas, segundo a polícia, era dono de um patrimônio milionário incompatível com sua renda, que incluía carros importados e um apartamento luxuoso de frente para a praia na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. À época, segundo a DH da Capital (Delegacia de Homicídios), ele trabalhava com compra e venda de carros importados. Ele foi preso numa casa de luxo no Recreio dos Bandeirantes hoje.

Maxwell atirou em bandido para proteger Lessa. Segundo a polícia, Maxwell e Lessa se conhecem há pelo menos dez anos e nutriam uma estreita relação de amizade. No fim de abril de 2018, foi o bombeiro quem saiu em defesa de Lessa em uma tentativa de assalto. Lessa, que perdeu a perna esquerda em um atentado a bomba em 2009 e usava uma prótese, se desequilibrou e caiu. Maxwell sacou a sua arma e trocou tiros com o criminoso.

Advogado negou relação de amizade entre Maxwell e Lessa. Na época da primeira prisão, entretanto, o advogado do bombeiro, Leandro Meuser, disse que os dois "eram conhecidos, mas não tinham essa proximidade toda indicada pela polícia". O UOL busca a defesa do ex-bombeiro hoje para esclarecimentos.

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O que aconteceu

Os investigadores descobriram provas mostrando o envolvimento de mais pessoas no planejamento do crime. A colunista do UOL Juliana Dal Piva apurou que as investigações revelaram que Maxwell participou de campanas para o planejamento do assassinato da vereadora.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que o ex-PM Élcio de Queiroz firmou um acordo de delação premiada com a PF, em que confessou ter participado da execução de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Preso desde 2019, Élcio já tinha dito que dirigia o carro envolvido no crime, mas apontava o colega Ronnie Lessa como autor dos tiros.

Delação de Élcio encerra investigação no patamar da execução, afirmou Dino. Resta ainda solucionar quem foram os mandantes do crime. "A investigação não está concluída, [a delação] permite um novo patamar de investigação, a dos mandantes".

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