PCC usa fintechs para fazer lavagem de dinheiro do tráfico, diz promotor

O Ministério Público de São Paulo investiga o uso de empresas de tecnologia no setor financeiro para fazer a lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O que está acontecendo

A operação com fintechs é um avanço em relação a uma rede de doleiros no Paraguai usada na lavagem de dinheiro para a facção criminosa paulista, apontam investigações ainda em andamento.

Segundo estimativas do MP, há mais de 1,5 mil fintechs em operação no Brasil, o que dificulta a fiscalização das operações financeiras. O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para verificar se há meios de controle para coibir esse tipo de ação, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

Foram os doleiros que ensinaram [o método de usar fintechs para fazer a lavagem de dinheiro para o tráfico].

Tem regulamentação, mas qual a fiscalização em cima disso? Em vez de usar contas de 'laranjas', o depósito é feito em um banco digital sem agência física, sem que se saiba de onde veio o dinheiro.
Lincoln Gakiya, promotor de Justiça de SP

Potencial alvo de ataques do PCC, o promotor Lincoln Gakiya é tido como um dos principais nomes do combate ao crime organizado no Brasil. Responsável por transferir chefes da facção, como Marcola, para presídios federais, segundo informou Josmar Jozino, colunista do UOL, ele vive sob escolta e vigilância desde dezembro de 2018.

Em agosto deste ano, a Justiça de São Paulo condenou Carlos Alberto Damásio, o Marlboro, a mais 10 anos de prisão por envolvimento em outro plano de ataque contra o promotor. Bruno Henrique Pessoa dos Santos e Fabrício Miranda Costa, comparsas de Marlboro, receberam penas de 11 anos e 3 meses e 10 anos e 3 meses, respectivamente.

Entenda a operação do MP

A primeira etapa da Operação Sharks (Tubarões, em inglês) foi concluída pelo MP em setembro de 2020. A investigação começou a partir do cruzamento da movimentação financeira de lideranças do PCC.

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Ontem, a segunda fase da operação prendeu dois suspeitos de serem os operadores financeiros em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 100 milhões em três anos. A ação contou com o apoio de mais de 100 policiais da Rota, a tropa de elite da PM de São Paulo.

Márcio Roberto de Souza Costa foi preso preventivamente na capital paulista. Já Dário Pereira Alencar foi detido na cidade de Praia Grande, no litoral paulista. Eles foram indiciados pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. O UOL não localizou a defesa deles.

Atuaram para Tuta e Dezinho, líderes do PCC. Eles são apontados pelas investigações como os responsáveis pelas transações dos núcleos de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, e de Odair Lopes Mazzi Junior, o Dezinho, líderes da facção criminosa.

Expulso da facção por suspeita de desvio de dinheiro da organização criminosa, Tuta está desaparecido.

Dezinho foi preso em julho deste ano em um resort de luxo na praia dos Carneiros, no litoral pernambucano.

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