Juiz condena Marlboro, do PCC, a mais 10 anos por ameaçar promotor em SP
A Justiça condenou Carlos Alberto Damásio, o Marlboro, a mais 10 anos de prisão por envolvimento em outro plano de ataque ao promotor de Justiça Lincoln Gakiya e funcionários do sistema prisional de Presidente Venceslau, no Oeste do estado. É a segunda condenação dele em um curto espaço de tempo.
A sentença foi aplicada pelo juiz João Vitor de Souza Lima Pacheco, da comarca de Junqueirópolis (SP), no último dia 18, mas só agora foi divulgada. Bruno Henrique Pessoa dos Santos, o Capoeira, e Fabrício Miranda Costa, comparsas de Marlboro, receberam penas de 11 anos e 3 meses e 10 anos e 3 meses, respectivamente.
Segundo investigações policiais, em 21 de janeiro de 2019 foram encontrados na cela dos réus no Pavilhão 4 da Penitenciária de Junqueirópolis bilhetes com ordens do PCC (Primeiro Comando da Capital) para matar agentes públicos.
Agentes apuraram que, além de Gakiya, os alvos eram Roberto Medina, coordenador dos presídios da região oeste; Luiz Fernando Negrão Bizzoto, então diretor da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, e Maurício Moreira de Souza, diretor de segurança e disciplina na mesma unidade.
Na cela 127, de Marlboro, agentes penitenciários também apreenderam três aparelhos de telefone celular e oito chips. As investigações apontaram ainda que Fabrício se apresentou como o dono dos equipamentos encontrados.
O que disseram os réus no julgamento
Durante interrogatório, Marlboro admitiu ter feito parte do PCC até o ano de 2016, mas negou ter escrito bilhetes e também o envolvimento em planos de atentados contra autoridades.
Bruno negou integrar o PCC. Porém, disse ser o responsável pelo conteúdo dos bilhetes apreendidos e por isso pegou uma pena maior. Ele reconheceu ter o apelido de Capoeira. Fabrício confessou ser o dono dos telefones celulares apreendidos na cela.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos três réus, mas publicará a versão dos defensores deles assim que houver uma manifestação.
Condenação anterior
No último dia 21, o juiz Deyvison Heberth dos Reis, da 3ª Vara Criminal de Presidente Venceslau (SP), condenou Marlboro a uma pena de 10 anos e nove meses e outro comparsa dele, o prisioneiro Roberto Cardoso de Aguiar, o Viola, a nove anos.
Em novembro de 2021, na cela 144 da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, habitada por Marlboro, foram encontrados 32 comprimidos de Viagra e quatro manuscritos com imagens de drones e endereços e nomes de autoridades públicas — uma delas, Lincoln Gakiya.
Em um dos bilhetes havia referências a integrantes da Polícia Federal, incluindo delegados e agentes. Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), o manuscrito trazia os apelidos de Marlboro e Viola e tinha o seguinte título: "Responsáveis pelos mapeamentos e localizações".
Na avaliação do MP-SP, o conteúdo do bilhete é uma prova de que Marlboro e Viola participaram de uma ação do PCC responsável pelo levantamento de endereços de autoridades para possível prática de atentados.
Lincoln Gakiya integra o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente (SP). Há 18 anos o promotor de Justiça investiga as ações do PCC. Graças à atuação dele, a liderança da facção foi transferida para presídios federais em fevereiro de 2019.
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