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Baixo Clero: Pesquisas mostram bolsonarismo fraco e antipetismo firme

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/11/2020 22h00

As últimas pesquisas do primeiro turno das eleições municipais de 2020 mostram que o bolsonarismo enfraqueceu, mas o antipetismo continua firme. Essa é a opinião dos colunistas do UOL que participaram da edição especial do podcast de política Baixo Clero, na noite deste sábado (14). A apresentação é de Carla Bigatto, que conversou com Maria Carolina Trevisan, Diogo Schelp e Leonardo Sakamoto.

"Acho que são três características importantes nesse pleito. A ficha suja continua sendo impedimento para o eleitor, não mais naquela toada do lavajatismo. Mas, se você é corrupto, o eleitor te rejeita. O antipetismo continua forte, e o bolsonarismo vem perdendo força", disse a colunista Maria Carolina Trevisan, ao comentar as pesquisas eleitorais. (Ouça a partir do minuto 22:11)

Para Trevisan, o combate às fake news, inclusive na Justiça, pode ter colaborado na desidratação do bolsonarismo. "Tem todo um desgaste que o próprio presidente Bolsonaro empreendeu nesses dois anos de governo e a gente tá sentindo isso de maneira muito forte por conta da pandemia. Vocês lembram quando a gente falava que as fake news eram um jeito de anabolizar o governo e a aprovação? Agora esse fator diminuiu muito", afirmou. (Ouça a partir do minuto 6:50)

Leonardo Sakamoto disse que o presidente "não ajudou muito" "o pessoal que ele abraçou". "O Bolsonaro não conseguiu, para grandes capitais do Sul e Sudeste, migrar votos. Mas isso não significa que a máquina de guerra não possa ser utilizada para outra coisa. Ela pode ser utilizada para construir, mas pode ser utilizada para destruir", afirmou.

Ele deu um exemplo citando o cenário na eleição na capital paulista. "O ataque não tira, necessariamente, os votos que o [Guilherme] Boulos ou a Manuela [D'ávila] (PSOL) têm. Mas o ataque pode ajudar a impedir uma migração de votos de um [Celso] Russomanno (Republicanos), que está desidratando. Em vez de algum voto ir para o Boulos, ele acaba indo para [Márcio] França (PSB) e [Bruno] Covas (PSDB)." (Ouça a partir do minuto 9:55)

Na análise de Diogo Schelp, as pesquisas mostram que o eleitor está evitando surpresas. "O ano de 2020 já foi cheio de surpresas demais, por causa da pandemia e tudo que aconteceu. As pessoas estão indo mais para o que elas conhecem, ainda que não estejam muito satisfeitas." (Ouça a partir do minuto 4:00)

Pesquisa em São Paulo

Trevisan afirmou que a "grande novidade" nas eleições em São Paulo é o candidato do PSOL, Guilherme Boulos. "Se você for ver em relação ao atual prefeito Bruno Covas, é muito desproporcional o número de comerciais e o tempo de televisão que ele tem." (Ouça a partir do minuto 15:24)

Pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste sábado apontam Bruno Covas em primeiro lugar nas intenções de voto. Guilherme Boulos aparece em seguida, mas tecnicamente empatado com Márcio França e Celso Russomanno.

Trevisan ressaltou o "fator surpresa" que pode afetar no resultado. "A gente não sabe quem não vai para a urna [por causa da pandemia]. Pode ser que sejam os mais velhos, que aí impactariam diretamente a favor do Bruno Covas, ou poderia ser também a periferia." (Ouça a partir do minuto 21:21)

Pesquisa no Rio de Janeiro

Já a pesquisa Datafolha para a Prefeitura do Rio de Janeiro mostra Eduardo Paes (DEM) com 40% de intenção de votos válidos e o atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), com 18%.

De acordo com os colunistas, o levantamento reflete o enfraquecimento do bolsonarismo. "Crivella, assim como Russomanno em São Paulo, tentou colar a própria imagem na do presidente Bolsonaro, na expectativa de conseguir ser empurrado para o segundo turno", disse Schelp. (Ouça a partir do minuto 30:12)

Outras capitais

Os colunistas também analisaram as pesquisas de intenção de votos para as Prefeituras do Recife, de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e Curitiba.

Em Porto Alegre, Manuela D'Ávila (PCdoB) ampliou liderança com 40% dos votos válidos. Nesta semana, José Fortunati (PTB) renunciou após o TRE-RS (Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul) indeferir a candidatura de André Cecchini (Patriota) como vice-prefeito na sua chapa. "O interessante é que o Fortunati foi do PT, foi do PDT, do PCB. Então, claro que os eleitores do Fortunati estão mais à esquerda e iam desaguar na Manuela, e em parte em outros candidatos", disse Sakamoto. (Ouça a partir do minuto 40:00)

"O caso de Porto Alegre pode ser, digamos assim, um caso de consolação para o PT. A Manuela é do PCdoB, mas é uma chapa com o PT, porque o vice da Manuela é o Miguel Rossetto [do PT]", completou o colunista. (Ouça a partir do minuto 41:48)

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