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Todos querem falar com Dilma, menos Obama, diz jornal britânico

Reprodução de texto sobre a visita de Dilma aos EUA do site do "Guardian" - Reprodução
Reprodução de texto sobre a visita de Dilma aos EUA do site do "Guardian" Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

12/04/2012 12h43

Sob o título “Todos querem falar com a presidente Rousseff, menos Obama”, o jornal britânico “The Guardian” publicou um artigo que defende mais atenção para o Brasil por parte da principal potência do mundo, dias depois da visita de Dilma a Washington e a Boston.

Em um texto de sua versão online, o diário, um dos mais importantes da Europa, diz que os norte-americanos parecem “presos em outra era” para não admitirem que o vizinho ao sul é um exemplo.

No texto assinado pelo jornalista Jason Farago, baseado em Nova York, Dilma é chamada de “a segunda pessoa mais poderosa no Ocidente”. Enquanto ela chegava aos EUA no início da semana, Obama, o mais poderoso, “passava a maior parte do seu dia embrulhando ovos de Páscoa” na Casa Branca.

Os dois presidentes tiveram uma breve reunião e uma entrevista coletiva conjunta “durante a qual eles nem se olharam no olho”, diz o texto.

“Não apenas o presidente dos EUA desdenhou das arapucas de uma visita de Estado; ele mal deu a Dilma duas horas”, diz o artigo.

A visita de Obama ao Brasil no ano passado tampouco foi de Estado --para isso é necessário visitar as sedes dos três poderes e o cumprimento de uma série de protocolos. Diplomatas norte-americanos afirmaram que isso aconteceu com Dilma porque é ano eleitoral e o presidente é candidato à reeleição.

“Ela chegou acompanhada de meia dúzia de formadores de opinião, de professores a chefes de thinktanks [instituições que difundem conhecimentos e estratégias sobre assuntos importante], todos exaltando seu comando econômico e implorando a Washington que a levasse a sério. As diretoras de Harvard e do MIT (ambas mulheres) a convidaram para ir a Boston. Até a Câmara do Comércio se esforçou --certamente a primeira vez que o grupo de grandes e malvadas empresas se empolgou tanto ao conhecer uma ex-guerrilheira”, diz o texto. “Só Obama deu de ombros.”

Sem respeito

Nos bastidores, diplomatas brasileiros admitem há semanas que os EUA não se dedicaram à visita de Dilma como deveriam. Em sua visita ao Brasil, a presidente o convidou ao Palácio do Planalto, participou de um almoço com ele no Itamaraty, recebeu Obama e sua família no Palácio da Alvorada, antes de ele seguir para o Rio de Janeiro. "Pelo menos um jantar teria sido mais adequado", diz um deles em Brasília.

De acordo com o texto do “Guardian”, “o Brasil é o país dos Bric que não é respeitado, mesmo em 2012”. Ao visitarem aos EUA, os líderes da Índia e da China são recebidos com grandes honrarias. A Rússia, por seus laços com a antiga União Soviética, sempre esteve sob o radar dos norte-americanos.

“O Brasil é o país que impõe a menor ameaça geopolítica significativa e oferece mais vantagens, como os CEOs [diretores-executivos] salivantes já sabem”, afirma a publicação.

“É assim que Washington funciona. Nas aulas de história, a primeira lição que os estudantes aprendem sobre a política externa norte-americana é a Doutrina Monroe – o princípio de 200 anos de que a América Latina é o nosso quintal. Fazemos isso e gostamos de dizer a todos que fiquem fora. A ideia de que um país latino-americano na verdade serve como modelo vai além da compreensão”, conclui o texto.