Mursi toma posse como presidente, diz que Egito não vai retroceder e declara apoio a palestinos
O presidente eleito do Egito, o islamita Mohamed Mursi, jurou o cargo neste sábado (30), diante do Tribunal Constitucional, no Cairo. Com isso, ele se torna o primeiro civil em seis décadas e o primeiro a ocupar a função de chefe de Estado eleito em pleitos democráticos no país.
“Juro por Deus todo-poderoso preservar com lealdade o sistema republicano, respeitar a Constituição e a lei, ter em consideração os interesses do povo de maneira total e preservar a independência da pátria, sua integridade e seu território”, disse Mursi em um ato na sede da Corte, no sul da capital.
Após o ato de posse, em discurso na Universidade do Cairo, o novo presidente afirmou que o país não pode inverter o curso de sua nova democracia. "O Egito não vai voltar atrás", afirmou.
Palestina
Mursi também disse que o Egito apoia os "direitos legítimos" dos palestinos. “O Egito estará ao lado do povo palestino para que consiga todos seus direitos legítimos e vamos trabalhar para alcançar a reconciliação palestina”, discursou.
A vitória de Mursi havia sido celebrada em Gaza pelo Hamas, que pertence ao movimento pan-islamista da Irmandade Muçulmana, de onde procede o presidente egípcio.
Depois do anúncio oficial de sua vitória, domingo passado, Mursi havia afirmado que respeitaria os compromissos internacionais do Egito. Entre eles figura o tratado de paz de 1979 com Israel.
O novo presidente egípcio também se referiu ao conflito na Síria. “Apoiamos o povo sírio. Queremos que cesse o banho de sangue”, declarou.
A televisão oficial mostrou imagens do grande dispositivo de segurança nas imediações do tribunal, onde só foi permitido o acesso da imprensa estatal.
O procedimento para o juramento do cargo gerou divergências entre os militares no poder e a Irmandade Muçulmana. A junta considerava que Mursi deveria tomar posse na Corte Constitucional, mas os islamitas insistiram no Parlamento, oficialmente dissolvido, mas que para eles permanece legítimo.
O presidente cedeu, mas já havia desafiado o Exército ao prestar um juramento simbólico ao cargo diante de milhares de pessoas na sexta-feira na Praça Tahrir, "a praça da liberdade e da revolução", em suas próprias palavras.
Mursi, que venceu Ahmed Shafiq no segundo turno das eleições com quase 52% dos votos, renunciou a sua militância na Irmandade Muçulmana após o anúncio de seu triunfo. Shafiq foi o último primeiro-ministro do regime de Hosni Mubarak, que deixou o poder em fevereiro do ano passado.
Antes de assumir oficialmente o cargo, Mursi acudiu nesta sexta-feira à Praça Tahrir para jurar simbolicamente como presidente e advertiu a junta militar que governa o país desde a derrocada do regime de Hosni Mubarak que não renunciará às prerrogativas como chefe de Estado.
A Praça Tahrir é cenário, há uma semana, de um acampamento convocado pela Irmandade Muçulmana para protestar pelas emendas constitucionais aprovadas pela junta militar para se reservar competências como o Poder Legislativo e a capacidade de decidir temas que afetem o Exército.
Os manifestantes também protestam contra a dissolução do Parlamento, decretada pelo Tribunal Constitucional, onde era majoritário o Partido Liberdade e Justiça (PLJ), que era presidido pelo próprio Mursi.
(Com agências internacionais)
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