Partido que comandou o México por sete décadas tem favorito nas eleições presidenciais deste domingo
As eleições presidenciais deste domingo no México podem marcar a volta do conservador Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao comando do país, depois de um intervalo de apenas dois mandatos. O favorito na disputa é Enrique Peña Nieto, que terá como principal adversário Andrés Manuel López Obrador, do Partido Revolução Democrática (PRD), de centro-esquerda.
Jovem, Peña Nieto tem 45 anos, mas é filiado à legenda que representa as velhas forças políticas locais. O PRI governou o México por 71 anos, de 1929 a 2000. Durante este período vários pleitos foram alvo de questionamentos.
A sequência de presidentes do PRI foi quebrada com a eleição de Vicente Fox, do Partido Ação Nacional (PAN), em 2000. Ele foi sucedido pelo colega de partido Felipe Calderón, em 2006.
Peña Nieto tem a seu favor uma cobertura midiática simpática, pelo menos por parte da Televisa, a maior emissora de televisão do país. Em junho, o jornal britânico “The Guardian” publicou documentos que indicam que a rede recebeu dinheiro para favorecer o político do PRI.
No contato direto com eleitores, no entanto, o candidato tem enfrentado situações pouco simpáticas. Como as vaias ouvidas ao fazer uma palestra na Universidade Ibero-americana da Cidade do México, em maio. Na ocasião, estudantes publicaram um vídeo na internet afirmando que agiram de forma espontânea – uma resposta a boatos de que teriam sido contratados para se manifestar contra o candidato.
Seu oponente, López Obrador, 58, candidata-se pela segunda vez à Presidência do México. Em 2006, após perder para Calderón por uma diferença de 0,56% dos votos, ele declarou que houve fraude nas eleições. Hoje, ainda evoca o fantasma da manipulação dos votos e critica a cobertura midiática favorável a Peña Nieto.
O candidato do PRI aparece no topo de todas as pesquisas eleitorais, com cerca de 38% das intenções de voto. Obrador aparece em segundo, com 25%. O PAN, do atual presidente Calderón, aparece apenas em terceiro lugar nas sondagens: a candidata Josefina Vázquez Mota, 51, tem 20% da preferência do eleitorado mexicano.
Vázquez Mota foca sua campanha no fato de ser mulher. Seu slogan é: "Dizem que, em política, se você quiser que algo seja dito, peça a um homem... mas se quiser que algo seja feito, peça a uma mulher". A estratégia, no entanto, não tem dado muitos resultados – alguns grupos a criticam por ter uma visão conservadora dos papéis de gênero.
Em quarto lugar nas pesquisas, com apenas 3% das intenções de voto, está o ambientalista Gabriel Quadri, 57, do Partido Nova Aliança (Panal). A legenda conta com o apoio do sindicato dos professores da educação básica e resolveu lançar uma candidatura própria após romper uma aliança com o PRI.
Desafios para o futuro presidente
O próximo presidente do México, que tomará posse em 1º de dezembro, terá como principal desafio enfrentar o problema do narcotráfico. O crime deixou 50 mil mortos no país nos últimos seis anos.
Outra questão que exigirá atenção do futuro presidente é de natureza econômica. O país do homem mais rico do mundo, o empresário carlos Slim, dono de uma fortuna avaliada em US$ 68,5 bilhões, tem 52 milhões de cidadãos vivendo na pobreza. E os mexicanos de classe média encontram cada vez mais dificuldade para conseguir bons empregos.
No campo da educação, o próximo presidente terá de lidar com uma realidade parecida com a do Brasil, o abandono dos estudos antes de o aluno chegar ao ensino superior. Dos 34 milhões de alunos matriculados, 74% cursa o ensino primário, mas apenas 8% faz o ensino superior. Segundo dados do Ministério da Educação do México, a média de escolaridade é de 8 séries.
E tem origem na educação o movimento mais interessante das eleições deste ano. A partir do vídeo publicado por 131 estudantes que vaiaram o candidato do PRI surgiu o movimento #YoSoy132, que têm proposto mudanças para o país, divulgado vídeos e promovido eventos culturais e manifestações. O grupo, que atingiu esfera nacional, se diz um movimento cidadão que não manifesta preferência por nenhum candidato ou partido.
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