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Mulher-bomba provoca atentado no Afeganistão em reação ao filme anti-Islã e mata 12 pessoas

Ataque suicida contra micro-ônibus em Cabul, no Afeganistão - Massoud Hossaini/AFP
Ataque suicida contra micro-ônibus em Cabul, no Afeganistão Imagem: Massoud Hossaini/AFP

Do UOL, em São Paulo

18/09/2012 10h24Atualizada em 18/09/2012 12h32

Um atentado à bomba em Cabul, capital do Afeganistão, matou  pelo menos 12 pessoas, oito sul-africanos e três afegãos, nesta terça-feira (18). 

O atentado suicida foi assumido pelo grupo Hezb e Islami (Partido Islâmico) que diz ter promovido a ação para “vingar” a divulgação do filme "A Inocência dos Muçulmanos", produzido nos Estados Unidos, que satiriza o profeta Maomé e o islamismo. O porta-voz do Hezb e Islami, Zubair Sidiqi, disse que o atentado foi provocado por Fátima, uma jovem de 22 anos que integra o grupo.

O ataque aconteceu em uma estrada que leva ao aeroporto internacional de Cabul. A suposta suicida dirigia o próprio veículo e bateu contra uma van que transportava funcionários de uma empresa de aviação, segundo informou o ministério de Relações Exteriores da África do Sul.

O grupo Hezb e Islami é considerado o segundo mais importante entre os radicais afegãos, depois dos talibãs. É liderado por Gulbuddin Hekmatyar, ex-chefe da resistência à invasão soviética (1979-1989) no país. O grupo se concentra no Leste do Afeganistão e nos arredores de Cabul.

Cabul tem um aparato de segurança melhor do que outras cidades afegãs, mas é um alvo recorrente da insurgência taleban e de outros grupos jihadistas, que têm o objetivo de golpear as tropas internacionais no país e as instituições do governo afegão.

O último ataque suicida ocorreu em 8 de setembro e matou cinco adolescentes na zona diplomática de Cabul. Os talebans lutam para derrubar o governo afegão e forçar a saída do país das tropas internacionais, e com isso instaurar um regime fundamentalista islâmico, que governou o país entre 1996 a 2001, ano da invasão dos EUA. 

O atentado também coincide com a decisão da Otan de restringir o número de suas operações conjuntas com as forças do Afeganistão, após a morte de dezenas de soldados nos últimos meses vítimas de policiais e soldados afegãos.

A maioria das patrulhas conjuntas e grupos de operação só serão realizados agora a partir de um determinado número de efetivos, e a cooperação com unidades menores deverá ser avaliada "caso a caso e aprovada pelos comandos regionais" da Otan, anunciou a Força Internacional para o Afeganistão (Isaf).

Protestos

As manifestações contra o filme entram hoje no sétimo dia. Na Tailândia, cerca de 500 muçulmanos protestaram hoje em frente à Embaixada dos Estados Unidos em Bangcoc.

Ontem (17) a representação diplomática dos Estados Unidos na Tailândia informou o encerramento das atividades devido às manifestações. Houve protestos ainda em mais 20 países, incluindo Afeganistão, Paquistão, Indonésia, Índia e Líbano.

Na Índia, em Srinagar, a maior cidade da Caxemira, centenas de manifestantes muçulmanos entraram hoje em confronto com forças de segurança, queimando um veículo. Um protesto contra o filme obrigou os comerciantes e empresários a fecharem lojas e empresas, no centro de Srinagar. A Índia tem aproximadamente 150 milhões de muçulmanos.

Durante o protesto em Srinagar os manifestantes atiraram pedras e queimaram um carro da polícia, enquanto as forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Os manifestantes, a maioria jovens, gritavam palavras de ordem contra os Estados Unidos e queimaram bandeiras norte-americanas e israelenses. (Com Lusa, Efe e AFP)