Protestos anti-EUA atingem mais de 15 países; ao menos oito pessoas morreram nesta sexta
Os protestos contra um filme de produção norte-americana que ridiculariza o profeta Maomé deixaram oito mortos apenas nesta sexta-feira (14), no Líbano, Sudão, Tunísia e Egito, e continuam se espalhando pelo mundo árabe. Os conflitos ocorrem em mais de 15 países do Oriente Médio, África e Ásia. As manifestações contra os Estados Unidos têm como principal alvo as embaixadas americanas nas capitais.
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Em Túnis, na Tunísia, três pessoas morreram e 28 ficaram feridas nos confrontos nas proximidades da embaixada, de acordo com uma avaliação preliminar do Ministério da Saúde. Os manifestantes escalaram os muros e atacaram com bombas a embaixada americana. Uma escola americana na região também teria sido queimada, de acordo com a agência oficial TAP.
No Líbano, nem a chegada do papa Bento 16 nesta sexta, para uma visita de três dias, amenizou os protestos. Cerca de 300 islamitas atacaram e colocaram fogo em uma lanchonete da rede americana KFC na cidade de Trípoli. Uma pessoa morreu e 25 ficaram feridas nos confrontos com a polícia após o ataque contra a rede de fast-food.
No Sudão, três pessoas morreram nos confrontos entre manifestantes e a polícia em frente à embaixada americana em Cartum. Cerca de 10 mil manifestantes também atacaram as embaixadas britânica e alemã, que foi incendiada e teve sua bandeira nacional substituída por um símbolo islamita.
No Egito, um manifestante foi morto em confrontos com a polícia perto da embaixada dos Estados Unidos no Cairo. A vítima de 35 anos morreu por ferimentos a bala. Cerca de 300 pessoas se reuniram para protestar. "Deus é o maior" e "não há nenhum deus, senão Deus" eram os gritos entoados por manifestantes no local. A tropa de choque tentou dispersar o grupo com gás lacrimogêneo.
Já um grupo de beduínos egípcios atacou a base da Força Multinacional de observadores no Sinai, deixando três feridos. O presidente egípcio, Mohamed Mursi, afirmou nesta sexta-feira, em Roma, que o filme ofensivo ao Islã constitui uma "agressão", que desvia a atenção dos verdadeiros problemas do Oriente Médio.
O governo americano confirmou o envio de 50 soldados da Marinha para reforçar a segurança na embaixada americana no Iêmen depois que centenas de manifestantes enfrentaram a polícia em frente ao local. Os manifestantes gritaram palavras e expressões de ordem como "vamos queimar o embaixador", "americano, covarde" ou "não se insulta o profeta de Alá".
Em Jerusalém, centenas de palestinos enfrentaram as forças de segurança israelenses ao serem impedidos de chegar até o consulado dos Estados Unidos, em Jerusalém Oriental. Os manifestantes responderam atirando pedras e deixaram um policial ferido, segundo o site do jornal "Ha'aretz". Quatro manifestantes foram detidos após os protestos.
Em Dhaka, capital de Bangladesh, os manifestantes exigiam que o embaixador americano fosse convocado e fizesse um pedido formal de desculpas no Parlamento, condenando o filme.
A Índia registrou protestos em diferentes cidades. Em Chennai, manifestantes jogaram pedras no consulado americano e fizeram bandeiras chamando o presidente Barack Obama de terrorista. A polícia conseguiu controlar o protesto e prendeu mais de cem pessoas. A embaixada dos EUA em Nova Déli não comentou o ocorrido.
Na Nigéria, soldados das forças de segurança foram obrigados a dispersar os manifestantes que se concentraram na cidade de Jos, no centro do país, para protestar contra o filme.
Em Jacarta, na Indonésia, 500 pessoas protestaram diante da embaixada americana, enquanto em Amã, capital da Jordânia, cerca de 2.000 pessoas fizeram manifestações. O governo do país foi um dos que solicitou a remoção do vídeo do filme do YouTube, para evitar mais confrontos.
Na Síria, cerca de 200 manifestantes organizaram um protesto em frente à embaixada americana em Damasco, que está fechada há vários meses, segundo um jornalista da AFP. Silenciosos, eles exibiam cartazes contra o filme.
Na Líbia, dezenas de islamitas radicais manifestaram em Benghazi sob os gritos de "Obama, Obama, nós somos todos Osamas", em referência a Osama bin Laden, ex-chefe da Al-Qaeda.
Milhares de pessoas também protestaram no Iraque, na Faixa de Gaza controlada pelo Hamas, assim como no Irã.
No Paquistão, protestos em grandes cidades exigiam a morte do realizador do filme.
Entenda
As manifestações contra o filme "Innocence of Muslims" ("Inocência dos Muçulmanos"), considerado uma blasfêmia pela forma como apresenta Maomé, começaram na última terça-feira (11).
Os primeiros protestos aconteceram no Egito e na Líbia, onde um ataque ao consulado americano em Benghazi resultou na morte de quatro pessoas, entre elas, o embaixador dos EUA no país, Christopher Stevens.
O novo primeiro-ministro líbio, Mustafá Abu Shagur, disse nesta sexta em entrevista por telefone à rede americana CNN que quatro pessoas suspeitas de participar dos ataques em Benghazi foram presas.
O presidente Barack Obama pediu que os Estados Unidos resistam à violência das manifestações contra os americanos em países árabes. A secretária de Estado, Hillary Clinton, assegurou que o governo americano "não tem absolutamente nada a ver com este filme repugnante e condenável".
A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou o ataque contra a embaixada alemã em Cartum, expressando sua "preocupação" com a violência no mundo árabe.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou o filme como "repugnante", apelando para "a calma e a razão", enquanto o papa Bento 16 pediu aos judeus, muçulmanos e cristãos que "erradiquem" o fundamentalismo. (Com agências internacionais)
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