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Líderes asiáticos e do islã esperam melhores relações com novo papa

Do UOL, em São Paulo

14/03/2013 08h56

Autoridades de países da Ásia e líderes muçulmanos do Oriente Médio saudaram nesta quinta-feira (14) o papa Francisco, o argentino Jorge Mario Bergoglio, e disseram esperar melhorias nas relações com a Igreja Católica.

O governo chinês felicitou a escolha do cardeal argentino para ser o novo papa e expressou o desejo de que, sob o pontificado de Francisco, o Vaticano "elimine os obstáculos" para uma aproximação. A China não tem relações diplomáticas com a Cidade Estado desde 1951.

A Santa Sé "deve reconhecer o Governo chinês como tal e que Taiwan é uma parte inalienável da China", disse em entrevista coletiva a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.  atualmente o Vaticano é o único país na Europa que reconhece a ilha como um Estado.

Hua também insistiu que a Santa Sé "não deve interferir nos assuntos internos da China", em alusão à nomeação de bispos, pois o regime comunista controla a Igreja Católica do país e supervisiona a ordenação dos prelados.

Sob essas condições, "o Governo chinês deseja sinceramente melhorar as relações com o Vaticano", ressaltou a porta-voz, que insistiu que o novo papa deve "eliminar obstáculos", "adotar atitudes práticas" e "ser flexível".

A instituição Al-Azhar, principal autoridade do islã sunita, espera que com o novo papa Francisco as relações com o Vaticano sejam melhores que durante o pontificado de Bento 16.

"Esperamos melhores relações com o Vaticano depois da eleição do novo papa pelo bem de toda a humanidade", declarou Mahmud Azab, assessor do grande imã de Al-Azhar, Ahmad al Tayeb, para o diálogo religioso.

"Quando surgir um novo rumo, voltaremos ao diálogo com o Vaticano que foi suspenso no início de 2011", afirmou, antes de felicitar "todos os católicos do mundo".

Em 2006, Bento 16 provocou uma ruptura com o mundo muçulmano ao citar um imperador bizantino que descreveu o profeta Maomé como um propagador através da violência de ideias "ruins e desumanas".

O diálogo foi retomado em 2009, antes de ser interrompido quando o papa fez um pedido por proteção às minorias cristãs depois de um atentado suicida contra uma igreja de Alexandria, no Egito, durante a noite de 31 de dezembro.

A Al-Azhar decidiu suspender as reuniões com o Vaticano por considerar que as declarações de Bento 16 sobre os cristãos do Oriente eram "ataques repetidos contra o islã".

O governo japonês também celebrou a escolha de Bergoglio como o papa Francisco e disse que "espera avançar de maneira propícia" em suas relações com o Vaticano.

O porta-voz do Governo japonês, Yoshihide Suga, disse à imprensa que Tóquio "dá as mais sinceras boas-vindas ao novo papa" e que enviará um representante a sua cerimônia de entronização, que acontecerá na terça-feira na Basílica de São Pedro.

O Japão, cuja população católica não chega a 1%, "quer definitivamente enviar a pessoa adequada", embora ainda não decidiu se será um ministro, explicou o porta-voz.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, felicitou o novo papa e expressou o convencimento de que "a interação entre a Rússia e o Vaticano continuará desenvolvendo-se com sucesso sobre a base dos valores cristãos" que os unem.

"Desejo a Vossa Santidade boa saúde, prosperidade e um trabalho frutífero no fortalecimento da paz e na promoção do diálogo entre civilizações e religiões", escreveu Putin, segundo uma nota publicada no site da Presidência russa.

Em dezembro de 2009, Rússia e Santa Sé anunciaram o estabelecimento de relações diplomáticas plenas.

Em 1992, o Vaticano reconhecera a Rússia como a herdeira jurídica da União Soviética, com a qual havia estabelecido relações diplomáticas um ano antes, pouco antes do desaparecimento do país comunista. (Com agências internacionais)