Romanos aguardam missa do papa em San Giovanni, a "mãe de todas as igrejas"
Enquanto os católicos de todo o mundo aguardam ansiosamente pela próxima terça-feira (19) para assistirem à posse do argentino Jorge Mario Bergoglio como Papa Francisco, vários italianos permanecem à espera da cerimônia que, para eles, deve ser uma das mais emocionantes deste início do novo pontificado. Na visão desses fiéis, a celebração na Basílica de São Pedro atinge a todos, mas uma futura missa na Basílica de San Giovanni é “uma mensagem” do carinho do sacerdote com seus “filhos” italianos. “É um sinal de que o papa está rezando em casa”, diz a aposentada Ana Maria Possi, 65, napolitana que vive em Roma há 30 anos.
A Basílica de San Giovanni in Latereno (ou São João de Latrão, em português) é considerada a primeira basílica cristã do mundo e a “mãe” de todas as igrejas. Foi construída no século 4, antes da Basílica de São Pedro, e fica localizada no sudeste de Roma, na região de San Giovanni.
Como até o século 14 era a sede de todas as cerimônias oficiais do papa – que inclusive morava ao lado, no Palácio Laterano –, para parte dos italianos ela ainda é a igreja mais importante do mundo.
“Para mim, esta é a igreja mais bonita de Roma, mais até do que [a Basílica de] São Pedro. Me encanta o estilo bizantino do altar. Acho que uma missa do papa aqui é de uma força muito grande”, afirma o técnico em computação Stefanno Peloso, 55, veneziano que diz sempre visitar Roma. Estou ansioso.”
O mesmo sentimento é compartilhado pela professora primária Stefania di Eidda, 38, que vive em Roma há 15 anos. “Acho que a aclamação dele em São Pedro foi um momento muito emocionante. Parece que ele vai ser um papa muito ligado ao povo. Acho que, quando houver uma missa dele aqui em San Giovanni, será muito bonito”, disse.
Segundo ela, o fato de o papa ter pedido a todos que rezem por ele já na sua primeira aparição como sumo pontífice o aproximou muito dos fiéis, e uma celebração na “mãe de todas as igrejas” deve “selar” este aproximação, ao menos com os italianos.
Já a irmã Maria da Luz, da congregação argentina Servidoras do Senhor, diz que todo encontro do papa com seu “povo” é emocionante. “Estou ansiosa por vê-lo na próxima terça. [A Basílica de] São Pedro é de todos”, afirmou.
Mesmo não pensando como os italianos, a religiosa - que afirma vir sempre em peregrinação a Roma - parece compreender a preferência de parte deles: “Esta é uma igreja muito especial. Consigo entender a paixão deles por este lugar”.
“Mãe de todas as igrejas”
San Giovanni in Laterano é, na realidade, um imenso complexo da Igreja Católica que, além da basílica, inclui o Palácio Laterano, um claustro e um museu. Embora esteja distante geograficamente, a basílica é território do Vaticano e catedral oficial do papa e de Roma.
O prédio, construído em vários estilos arquitetônicos, deixa claro já na fachada a dedicação ao santo que o nomeia: “em honra ao santo João Batista, o Evangelista”, são os dizeres gravados abaixo da enorme estátua do primo de Jesus. Outras 14 imagens de 7m de altura adornam o teto da fachada, projetada pelo arquiteto Alessandro Galilei. A situada ao centro é a de “Jesus Cristo, salvador do mundo”.
O local foi construído durante o império de Constantino, que autorizou a prática, até então proibida, do cristianismo. Para homenageá-lo, a igreja instalou, logo na entrada da basílica, após as colunas, uma imensa estátua com a imagem do imperador romano. Os túmulos de várias papas estão no local.
Além da fachada exuberante, as portas de bronze da entrada, que pertenceram anteriormente ao Fórum Romano, e o trabalho de decoração feito pelo arquiteto Francesco Borromini no interior do prédio deixam claro por que San Giovanni in Laterano ainda é a catedral do arcebispo de Roma.
No interior, as esculturas de 4,6m de altura dos apóstolos em posições dramáticas, construídas no século 18 e instaladas em palanques individuais, fazem o visitante se sentir minúsculo diante da obra de artistas que ajudaram a Igreja a construir seu próprio império.
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