EUA têm coletânea de e-mails e telefonemas feitos no Brasil, diz Paulo Bernardo
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou nesta quinta-feira (11) que está convencido de que os Estados Unidos fizeram uma coletânea de dados contendo e-mails e gravações telefônicas realizados no Brasil.
Bernardo participou de audiência no Senado e disse que teve uma conversa com o embaixador americano, Thomas Shannon. O americano disse não haver base de dados no Brasil ou convênio com empresas nacionais, mas confirmou a coleta de "metadados" (informação gerada quando você usa dispositivos tecnológicos), que poderiam ser aprofundados.
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"Se você tem os dados resumidos, é evidente que você tem de ter esses dados. Fiquei convencido que o conteúdo é recolhido com todas as informações, pois não há como selecionar e gravar a depois. É uma coletânea de todos os dados, e a análise é feita de forma simplificada para facilitar", disse.
Bernado acredita que boa parte dos dados coletados tenha interesses econômicos. "Com certeza uma parte de interesse dessa bisbilhotagem é a espionagem comercial, industrial, formas de burlar a concorrência. Não duvido nada disso", declarou.
O ministro foi duro ao dizer citar que os EUA podem ter cometido um crime. "Ouvir ligação, copiar dados é crime. Não só no Brasil, como em todos os países civilizados do mundo. Temos que dizer isso claramente. E se isso ocorreu no país, tem que ser tratado como tal."
Mais tecnologia
O ministro garantiu que o Brasil pretende adotar estratégias para melhorar o sistema de comunicações. Em breve, uma satélite será produzido no país para aumentar a segurança e levar internet banda larga a lugar longínquos do país.
"Esse satélite vai dar mais autonomia de comunicações estratégicas, militares, diplomáticas. Já temos o orçamento, e agora está sendo providenciado pela a Telebras a empresa que vai fornecer a tecnologia. O satélite será montado no Brasil, pela Telebras e pela Embraer", apontou.
O ministro ainda voltou a citar a necessidade de o Brasil investir em tecnologia, visto que --segundo ele-- a lei americana obriga as empresas a instalar dispositivos nos softwares e hardwares que permitam acesso a informações.
"Se você está usando um equipamento desses, pode ter uma certa vulnerabilidade. A saída é investir em tecnologia própria. As empresas americanas vão cumprir a lei deles. A curto prazo não dá para resolver, mas a médio, dá. Temos conhecimento e empresas para isso, e está na política do governo", garantiu.
Ontem, os senadores também ouviram os ministros das Relações Exteriores, da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
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