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Reação do Brasil depende da resposta dos EUA, diz ministro sobre espionagem

Guilherme Balza

Do UOL, em Brasília

02/09/2013 16h38Atualizada em 02/09/2013 19h13

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, disse nesta segunda-feira (2), que a reação do governo brasileiro à denúncia de que a presidente Dilma Rousseff teria sido espionada depende da resposta dos EUA.

"O tipo de reação dependerá do tipo de resposta que for dada. Por isso queremos uma resposta formal, por escrito, para que seja avaliada e, a partir daí, vamos ver como o governo, qual vai ser o tipo de ação que adotaremos.” 

Figueiredo afirmou ainda que pediu, "de forma muito clara", explicações formais, por escrito, ao embaixador americano em Brasília, com quem ele se reuniu na manhã de hoje.

Segundo o chanceler, ainda não há prazo para que os americanos respondam, já que hoje é feriado nos EUA, mas é provável que uma resposta seja dada ainda nesta semana.

Figueiredo classificou ainda a denúncia, se confirmada, como uma "violação inadmissível da soberania" nacional. Figueiredo disse que a suposta espionagem é incompatível com a cooperação estratégica comercial entre os dois países.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também participou da coletiva de imprensa sobre a denúncia no Itamaraty, em Brasília. "Se a violação atingiu a presidenta, o que não dizer de cidadãos brasileiros", afirmou.

Segundo o programa "Fantástico", da TV Globo, a presidente teria sido alvo de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês). As revelações foram feitas com base em documentos fornecidos pelo ex-prestador de serviço da NSA Edward Snowden ao jornalista americano Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro.

Viagem aos EUA incerta

Dilma tem uma visita de Estado a Washington, agendada para 23 de outubro, na qual se reunirá com o presidente dos EUA, Barack Obama. A viagem tem como objetivo reforçar uma melhoria nas relações entre Brasil-EUA desde que Dilma tomou posse, em 2011.

Apesar de ser indagado várias vezes, o ministro das Relações Exteriores se negou a falar sobre a viagem da presidente Dilma aos Estados Unidos. “Não vou tratar hoje da viagem a Washington. Só queria complementar que o Brasil estará levando essas questões aos foros internacionais --são vários foros que podem se debruçar [sobre as denúncias]--, inclusive na área de direitos humanos. Não vamos permitir a violação de direitos humanos de cidadãos brasileiros. Isso o governo não concordará jamais.”

Cardozo viajou na semana passada a Washington e reuniu-se com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, e outras autoridades, para buscar mais detalhes sobre uma série de revelações anteriores sobre interceptação pelos EUA de dados eletrônicos e de telefonia no Brasil, aparentemente menos sérias, feitas com base nos documentos vazados por Snowden.

O ministro da Justiça declarou que quando esteve nos EUA para tratar do assunto, o governo norte-americano disse “textualmente que não faziam espionagem política ou para o favorecimento de empresas norte-americanas.”

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Na reportagem do "Fantástico", foram exibidos documentos atribuídos à NSA mostrando uma rede de comunicação da presidente com seus principais assessores, mas não foi mostrado o conteúdo das mensagens.

Um documento separado, de junho de 2012, tinha trechos de uma mensagem escrita enviada pelo presidente do México, Enrique Peña Nieto, que ainda era candidato à Presidência à época. Nas mensagens, Peña Nieto discutia nomes para o ministério caso eleito.

Os dois documentos faziam parte de um estudo de caso, chamado "Intelligency filtering your data: Brazil and Mexico case studies", da NSA. Segundo as informações, também publicadas pelo jornal O Globo nesta segunda-feira, no caso do Brasil, os dados poderiam ser filtrados para aumentar o entendimento dos métodos de comunicação de Dilma e de seus principais assessores.

Quero que o governo americano dê explicações, diz ministro