ONU: consumo de drogas atinge 243 milhões de pessoas no mundo
Cerca de 5% da população mundial entre 15 e 64 anos, o que corresponde a uma média de 243 milhões de pessoas, usa drogas ilícitas segundo dados divulgados pelo Relatório Mundial sobre Drogas da ONU (Organização das Nações Unidas).
O estudo indica, no entanto, que o consumo permanece estável, aumentando proporcionalmente com o crescimento da população. A divulgação do relatório foi feita em Viena (Áustria) nesta quinta-feira (26), concomitantemente com o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e Tráfico Ilícito.
Elaborado pelo Escritório da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), o relatório aponta também a existência de uma média de 27 milhões de usuários de drogas problemáticos (aqueles que consomem drogas regularmente ou os apresentam distúrbios ou dependência). Isso corresponde a cerca de 0,6% da população adulta mundial ou 1 em cada 200 pessoas.
Os dados são de 2012 e foram fornecidos à entidade pelos países participantes do levantamento.
Outro dado preocupante, segundo o estudo, é que apenas um em seis usuários de drogas tem acesso ou recebe algum tipo de tratamento para dependência de drogas a cada ano. Em 2012, ocorreram 200 mil mortes relacionadas a drogas.
“Países emergindo de conflitos ou escapando da crise econômica podem ser esmagados por drogas ilícitas que atravessam suas fronteiras”, destacou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em comunicado.
O secretário-geral da ONU chamou ainda a atenção da comunidade internacional para que intensifique o combate às droga, como forma de evitar o aumento da violência e o enfraquecimento de instituições essenciais do Estado.
O diretor-executivo do UNODC, Yury Fedotov, apontou ainda a necessidade de um foco maior na saúde e nos direitos humanos dos usuários de drogas, especialmente daqueles que fazem uso de drogas injetáveis e que vivem com HIV.
Em 2016, a ONU pretende levar o problema das drogas à pauta da Assembleia Geral.
Queda da cocaína e da maconha
De acordo com o relatório, houve queda na disponibilidade de cocaína no mundo devido à menor produção de 2007 a 2012. Porém, o uso permanece alto na América do Norte, apesar de os números caírem na região desde 2006. Na América do Sul, o consumo de cocaína e o tráfico se tornaram mais proeminentes.
A ONU destaca em seu relatório que o Brasil é um país vulnerável ao tráfico de cocaína, devido à sua geografia estratégica no tráfico para a Europa, mas também ao fato de ser um mercado consumidor devido à grande população urbana. Citando dados da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), o estudo indica que 3% dos estudantes universitários, de todas as idades, usam cocaína.
A África, prossegue, teve aumento no uso de cocaína em razão do crescimento do tráfico pelo continente. Já o maior poder de compra tornou alguns países asiáticos mais vulneráveis ao uso dessa droga.
O uso de maconha apresentou um declínio no mundo, segundo a ONU. Porém, na América do Norte, o consumo aumentou: isso porque, na região, usuários da droga acreditam que ela oferece riscos menores à saúde.
A entidade afirma que ainda é cedo para entender os efeitos da legalização da droga em alguns países. No entanto, o relatório aponta que há um maior número de pessoas procurando tratamento para transtornos relacionados à cannabis, o que demonstraria aumento da dependência da droga.
O aumento de dependentes da maconha também é percebido no Brasil, informou a Senad à ONU, baseada em dados colhidos em 2012. Enquanto isso, o país está em sétimo lugar no combate ao plantio e à produção da droga.
Drogas sintéticas e opiáceos
A ONU afirma que as apreensões de metanfetamina mais que dobraram globalmente entre 2010 e 2012. Na América do Norte, a fabricação dessa droga aumentou: das 144 toneladas de estimulantes apreendidas globalmente, metade foi interceptada na região.
O Afeganistão continua como o maior país produtor de ópio, representando 80% da produção global. Além disso, em 2013, a produção global de heroína também voltou aos altos níveis testemunhados em 2008 e 2011.
Os Estados Unidos, a Oceania e alguns países da Europa e da Ásia têm visto usuários alternarem o consumo entre heroína e opioides farmacêuticos – a tendência deve-se, em grande parte, aos baixos preços e à acessibilidade.
O número de novas substâncias psicoativas não reguladas no mercado global mais que dobrou entre 2009 e 2013, chegando ao total de 348.
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