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Governo contesta IDH do Brasil e diz que país subiria 12 posições no ranking

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

24/07/2014 11h42Atualizada em 24/07/2014 14h22

O governo federal questionou nesta quinta-feira (24) os dados usados pelo Pnud (Programa das  Nações Unidas para o Desenvolvimento) no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, sob a justificativa de que estão defasados, e disse que, se recalculado, o Brasil subiria 12 posições, passando do 79º para o 67º lugar no ranking.

Segundo o governo, números mais recentes do IBGE, de 2013, apontam que a expectativa de vida ao nascer no país, que é levada em conta no IDH, está em 74,8 anos. No entanto, o escritório da ONU levou em consideração dados de 2010, cujo valor era de 73,9 anos.

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A outra crítica diz respeito aos indicadores de educação, que também são considerados na composição do IDH. Para os anos esperados de escolaridade, deveriam ser contabilizados 16,3 anos e não 15,2, diz o governo. Sobre a média de anos de estudo, o IDH considerou 7,2 anos (dados de 2009), mas o número mais atual é de 7,6 anos, conforme a Pnad de 2012.

Apenas o valor de renda per capita anual (US$ 14.275), terceiro item que compõe o IDH, não foi questionado. Assim, pelas contas do governo, o IDH do país subiria de 0,744 para 0,764 (a escala vai de 0 a 1; quanto mais perto de 1, mais avançado), o que o colocaria mais à frente no ranking.

“O IDH não reflete o que aconteceu nos últimos anos”, afirmou a ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), em uma entrevista coletiva realizada em Brasília em conjunto com os ministros Henrique Paim (Educação) e Arthur Chioro (Saúde).

“Os dados da educação permanecem parados de 2010 a 2013 não porque o Brasil esteja parado, nem porque o Brasil não tenha dados, mas porque os dados que constam no relatório ficaram constantes”, disse Tereza.

Apesar das críticas, os ministros se disseram “satisfeitos” com o desempenho do Brasil e atribuíram o resultado às políticas públicas adotadas ao longo dos anos.

“[O bom desempenho] Não é um acaso, mas uma combinação de uma série de outros elementos importantes”, disse Chioro. “A expectativa média de vida reflete uma série de outros indicadores.”

Ele citou como elementos que contribuíram para essa melhora a diminuição da taxa de mortalidade infantil (14,6 óbitos em crianças com menos de 1 ano para cada mil nascidos vivos; a meta era 15,7) e a tendência da redução das doenças crônicas (cardiovascular, 2,6% ao ano; cânceres, 0,9% ao ano; diabetes melitos, 1,5% ao ano; e doenças respiratórias, 3,3% ao ano).

Em sua apresentação, Chioro lembrou ainda que houve declínio dos homicídios por causas externas, incluindo as mortes no trânsito (apesar do aumento na mortalidade dos motociclistas), a diminuição da desnutrição aguda na infância (de 7,1% em 1989 para 1,8% em 2006) e da desnutrição crônica (de 19,6% em 1989 para 6,7% em 2006).

O ministro da Educação também comemorou os resultados, mas ponderou que o país ainda precisa melhorar. “O relatório revela uma captação de todos os efeitos que tivemos nos últimos anos do ponto de vista educacional. (...) O Brasil avançou bastante. Esse processo de inclusão está reconhecido no relatório. Estamos satisfeitos com esses dados, mas é claro que o Brasil precisa trabalhar cada vez mais para melhorar esses indicadores.”