Após invasão da sede da TV paquistanesa, novo protesto termina em confronto
As forças de segurança do Paquistão desalojaram nesta segunda-feira (1º) centenas de manifestantes que haviam assumido o controle do edifício da televisão pública em Islamabad. O grupo, que exige a renúncia do primeiro-ministro Nawaz Sharif, invadiu o prédio do canal PTV e conseguiu interromper as transmissões por alguns minutos. Os manifestantes foram retirados do local 30 minutos depois, sem violência.
"Manifestantes entraram no prédio da PTV e estão desconectando cabos. Estamos em estado de sítio, estão pirateando nossa transmissão", afirmou um apresentador da emissora no momento da invasão. Poucos minutos depois, o canal saiu do ar.
Os manifestantes destruíram parte das instalações e derrubaram as fotografias de Sharif. Após a ação das forças de segurança, o canal retomou a programação normal.
Em seguida, foram registrados novos enfrentamentos entre a polícia e os opositores, que protagonizaram uma passeata até a residência oficial do primeiro-ministro, em Islamabad. Entre 10 e 15 pessoas ficaram feridas, informou a imprensa local.
Segundo o jornal "Express Tribune", os manifestantes conseguiram derrubar a cerca que protege o Secretariado do Paquistão, residência oficial e o escritório do líder paquistanês, mesmo a polícia tendo usado material antidistúrbios.
Entenda
Milhares de simpatizantes de Imran Khan, ex-astro do críquete que virou político, e do clérigo Tahir ul Qadri protestam diante do Parlamento paquistanês desde 15 de agosto para exigir a renúncia do chefe de governo, a quem eles acusam de fraudar as eleições legislativas de maio de 2013.
Os protestos foram pacíficos até a noite de sábado, quando os líderes opositores convocaram uma manifestação diante da residência de Sharif que reuniu milhares de pessoas. Desta vez a polícia utilizou, pela primeira vez, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Três pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas.
No domingo (31), o exército paquistanês pediu ao governo e à oposição que solucionem a crise política sem recorrer à violência.
O chefe do exército paquistanês, general Rahil Sharif, teve um encontro com altos cargos militares após os confrontos, e eles declararam apoio à democracia e se mostraram preocupados com a situação.
Apesar disso, na nota de imprensa, advertiram que o exército está "comprometido em cumprir seu papel na hora de garantir a segurança do Estado".
Mesmo após os choques do sábado, Khan disse que não parará com os protestos. "Estou preparado para morrer aqui", disse a seus seguidores, de acordo com a imprensa local.
Khan e Qadri pretendem aproveitar a insatisfação da população com a crise energética, o aumento dos ataques insurgentes e a má situação da economia para forçar a saída do primeiro-ministro, que obteve a maioria absoluta na eleição de 2013.
Sharif, que foi deposto em um golpe de Estado dos militares em 1999, manteve uma difícil relação com eles desde que se aproximou da Índia e após o julgamento por traição do ex-ditador militar Pervez Musharraf, que sucedeu Sharif no governo após o golpe.
Analistas e observadores consideram que mesmo que Sharif supere a crise, ficará debilitado pelo resto de seu mandato e que o exército tomará o controle da segurança e a política externa.
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